Título: Situação econômica é gravíssima, ataca Alckmin
Autor: Sílvio Ferreira
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Nacional, p. A11

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou ontem a condução da economia no governo Lula. "Esse câmbio chegou ao ponto que chegou por erro da política monetária", afirmou em Porto Alegre, referindo-se à valorização do real frente ao dólar, que atrapalha as exportações e prejudica o agronegócio brasileiro.

Por conta disso, o tucano disse que a situação da economia é "gravíssima". Nesta semana, como parte de um movimento mais amplo de reavaliação de investimentos internacionais em países emergentes, houve seguidas quedas na Bolsa de Valores de São Paulo e aumento expressivo na cotação do dólar.

Ontem, durante sua visita ao Rio Grande do Sul, Alckmin traçou um quadro desastroso para o agronegócio, após deixar um café da manhã com líderes do setor agrícola, parlamentares e dirigentes partidários, em Porto Alegre. "Não existe uma política agrícola nem cambial, os juros e o custo de produção estão altíssimos e não há preço mínimo", enumerou o pré-candidato. "A insegurança no campo é grande."

RENEGOCIAÇÃO

Em seus compromissos no Estado, Alckmin centrou o foco no agronegócio. Além de se reunir com o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, o pré-candidato do PSDB esteve na 14ª Fenarroz, realizada no município de Cachoeira do Sul. Durante todo o tempo, ele criticou a política monetária implementada pelo governo Lula e a falta de uma política agrícola, aproveitando para defender a renegociação das dívidas dos agricultores. "É fundamental que haja uma renegociação das dívidas dos produtores. Vou trabalhar muito pelo seguro rural", prometeu.

O tucano destacou que a perda de renda do produtor, somada à diminuição da área plantada, deve resultar na falta de produtos no mercado. "O setor de grãos é um que está visivelmente prejudicado", comentou. Segundo ele, o Brasil deveria estar exportando, fazendo acordos comerciais e não diminuindo a área plantada. "Temos que melhorar a logística do campo, rever a carga tributária e não ficar falando em cretinices", disse Alckmin, referindo-se ao termo utilizado por Lula em encontro realizado na semana passada com integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

O presidente da Farsul disse ter levado a Alckmin o mesmo documento entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. "São reivindicações do campo, medidas que devem ser adotadas a curto, médio e longo prazos", explicou. "Ele demonstrou boa receptividade às nossas idéias." Para Sperotto, a possibilidade de faltar produto não vai surpreender os produtores. "Há um desmonte generalizado do setor produtivo", reclamou.

Alckmin, que também se reuniu com líderes do PP e do PFL, deve retornar ao Estado nesta campanha pelo menos mais três vezes. No fim deste mês, para visitar a Fenadoce, em Pelotas; em junho, para participar do Encontro Estadual dos Transportadores do Rio Grande do Sul, na Serra Gaúcha; e no fim de agosto, para encontros com produtores na fronteira, em Santana do Livramento, Uruguaiana e São Borja.