Título: 'Governador não pode ser tão carente', diz Tasso
Autor: Cida Santos e Bruno Winckler
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Nacional, p. A12

A troca de farpas entre tucanos e pefelistas - e também entre os próprios tucanos - iniciada após a crise da segurança pública em São Paulo parece longe de acabar. Ontem o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), apimentou o embate entre o partido e o governador Cláudio Lembo (PFL). "O índice de carência de Lembo é muito grande. Um governador não pode ser tão carente assim", afirmou Tasso, em Brasília, após sucessivas indiretas de Lembo, sinalizando que se sentiu abandonado pelos tucanos nos últimos dias.

Sobrou também para o grupo do prefeito do Rio, Cesar Maia, e o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito. "Esse menino fala demais", comentou Tasso.

Ontem, o próprio Alckmin teve uma conversa ao telefone com Maia. Seu candidato a vice-presidente, senador José Jorge (PE), também sairá a campo em busca de unidade com os pefelistas. Mas antes que esses esforços pela pacificação pudessem fazer efeito, Rodrigo Maia respondeu a Tasso.

"Não é (questão de) carência, é (questão de) deslealdade", disse Maia, que continua fazendo críticas à falta de estratégia da pré-campanha de Alckmin. Segundo o líder pefelista, o senador Tasso Jereissati vai acabar desmontando a coligação entre os dois partidos se continuar agindo dessa forma. Para Rodrigo Maia, o PFL já está sendo prejudicado na eleição com a desistência de lançar candidato próprio ao Planalto e, por isso, não pode abrir mão de eleger uma bancada federal expressiva. Ele elogiou o comportamento de Cláudio Lembo, afirmando que o governador fez as críticas de forma aberta.

COMPLICAÇÃO

Para complicar, há desentendimento dentro do próprio ninho tucano. O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), líder do partido na Câmara, abriu uma nova frente de atrito. Em seu site pessoal, dedicou algumas palavras duras aos líderes tucanos que se reuniram em Nova York.

No que denominou "desabafo dos que ficaram em São Paulo", disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso "falou demais" e o governador Aécio Neves manteve a "tradicional pinta de boa vida". "Era melhor que não tivessem dito nada", disse Goldman.