Título: Polícia Civil apura ação de PMs em chacinas
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Metrópole, p. C3

Policiais militares são investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como prováveis autores de cinco mortes em uma das seis chacinas ocorridas entre os dias 14 e 16, no auge da série de ataques do PCC. Em cinco casos, os assassinos usavam roupas escuras, toucas ninjas e armas de grosso calibre.

A chacina sob suspeita ocorreu domingo no Parque São Rafael, zona leste. O ouvidor da Polícia, Antônio Funari Filho, vê indícios de crime cometido por um esquadrão da morte formado por policiais. Ele ordenou às Corregedorias das Polícias Civil e Militar que apurem o caso.

Entre os dias 12 e 16, o DHPP contou 83 vítimas de homicídio de autoria desconhecida. Para policiais que investigam os casos, a maioria das mortes é resultado de "carnificina" promovida por PMs em resposta aos atentados. Isso porque, em um dia normal, o DHPP registra, em média, seis homicídios na cidade. Durante a onda de violência, esse número subiu para 20 casos por dia - crescimento de 233%. Vale ressaltar que, nesse levantamento, não estão incluídos os 79 suspeitos mortos em confrontos.

"Matar bandido está errado, mas é aceitável", comentou um policial civil. "O problema é que, no meio dessa matança, tem muitos inocentes. Alguém vai pagar por isso e nós, com certeza, vamos ser atingidos."

No Jardim Brasil, zona norte, onde três jovens foram executados no dia 13, testemunhas disseram que os matadores usavam roupa preta e motocicletas das marcas Yamaha XT e Honda Falcon, as mesmas utilizadas pelas Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam). "Cinco minutos depois dos tiros, sem que ninguém ligasse para o 190, apareceram seis carros da PM", contou um amigo das vítimas.

O delegado Armando Oliveira Costa Neto, chefe da Divisão de Homicídios, disse não ter autorização para comentar a investigação.