Título: Livro-caixa do PCC é usado na audiência da
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Metrópole, p. C4

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) entregou ontem à CPI do Tráfico de Armas cópia dos registros do livro-caixa do PCC apreendido pela polícia de São Paulo. O deputado usou dados do documento para inquirir Maria Cristina Machado, advogada de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Como a contabilidade de janeiro de 2005 aponta pagamento de R$ 10 mil na rubrica "advogado visitas", Jungmann quis saber se Maria Cristina recebeu dinheiro do PCC para visitar o cliente. Ela negou.

O registro em poder da CPI mostra que, a despeito dos R$ 10 mil gastos com advogados, a organização operou no azul naquele mês. Nesse período, a facção arrecadou R$ 483.588,00 e gastou R$ 376.040,00 - saldo superior a R$ 100 mil. Jungmann disse ter recebido a cópia de delegados paulistas. No material, há a prestação de contas de dezembro de 2004 a fevereiro de 2005. Na época, a contabilidade do PCC ainda era centralizada.

O exame da contabilidade mostra que em dezembro de 2004 foram gastos R$ 46 mil na compra de "2 AR (15)" e "1 AK 47", além de outros R$ 20 mil com dois fuzis "rouger". O documento revela que o PCC financiava os integrantes com empréstimos. Naquele janeiro, foram de R$ 50 mil, dados a "Cantor", até R$ 1.500,00, entregues a Felipe. Com o "velório de Dentinho" foram gastos R$ 1.400,00 e com o de "Betão", R$ 3.500,00.

Segundo informações da polícia, o documento foi obtido com um tesoureiro que, após a descoberta, foi assassinado. A partir de então, o PCC teria descentralizado a contabilidade. Investigações policiais dão conta de que a arrecadação mensal da facção girava em torno de R$ 750 mil.

Apesar da negativa de Maria Cristina em relação a vínculos com o PCC, Jungmann disse ontem que está convencido de que ela e o advogado Sérgio Weslei da Cunha integram a facção.

"Isto é mais que evidente e, embora ele seja mais seguro que ela, ela é a chefe", disse o deputado.