Título: Painel defende programa Bolsa-Família temporário
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2006, Economia & Negócios, p. B9

A tese de que o principal programa social do governo Lula, o Bolsa-Família, deve ser temporário será defendida na abertura do 18º Fórum Nacional, na presença dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, pelo diretor técnico do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Cavalcanti de Albuquerque.

"O Bolsa-Família só faz sentido durante certo tempo, buscando capacitar os atendidos a conseguir empregos que lhe garantam renda suficiente. A partir daí, não é mais necessário", disse Albuquerque ao Estado. Coerente com isso, o trabalho "Vez e voz aos Pobres - uma nova política social", que apresentará no evento e escreveu com a economista Sônia Rocha, do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets), é favorável à liberação dos recursos do programa mediante o preenchimento de algumas condições.

A idéia de o Bolsa-Família ser transitório vai ao encontro de outras preocupações que serão debatidas no Fórum, principalmente relacionadas às questões fiscais. Organizador do evento, o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso acha que o setor privado faz a reivindicação errada ao pedir a redução da carga tributária. "Deveria pedir é a diminuição das despesas. A carga tributária é conseqüência dos gastos do governo." Entre os tipos de despesas públicas que mais cresceram nos últimos anos, estão as do Bolsa-Família.

Albuquerque e Sônia Rocha não tratam desse tema no seu trabalho, mas defendem melhorar a qualidade do gasto ao afirmar que "há uma amplíssima margem para melhor focalização (do Bolsa-Família) nos pobres". "Com mais foco é possível reduzir a pobreza dos mais pobres a avançar para 10 milhões de pessoas."