Título: Mantega comemora calma e diz que já esperava
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Economia & Negócios, p. B1

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou-se satisfeito ontem com a redução do nervosismo do mercado financeiro e disse que já esperava que isso ocorresse, diante da boa situação da economia brasileira. "Hoje (ontem) temos um mercado mais calmo, de acordo com as nossas expectativas. Aos poucos, ele vai se acomodando, esperando o Fed. Não vejo maiores problemas", disse Mantega, referindo-se à expectativa do mercado quanto às próximas decisões do banco central americano sobre taxas de juros.

Segundo ele, a melhora do humor do mercado reflete os "fundamentos sólidos" da economia. "Imagine essa situação há alguns anos. O risco país iria para mil pontos, a bolsa cairia 20%, haveria fuga de capitais. E hoje isso (a volatilidade externa) é encarado com a maior naturalidade, sem maiores reflexos", disse Mantega, ao deixar o Ministério da Fazenda para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

Questionado sobre as medidas que o governo prepara na área cambial, o ministro disse que uma decisão só será tomada quando o assunto tiver amadurecido. Ontem pela manhã, Mantega reuniu-se com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com diretores da instituição, mas nem o ministro nem sua assessoria relataram os assuntos tratados. O presidente e os diretores do BC saíram pela garagem do prédio do Ministério da Fazenda, sem falar com a imprensa.

Mais tarde, Meirelles disse que foram discutidos "assuntos de rotina". Ele negou que tenha sido tratado o tema câmbio e também disse não saber quando serão anunciadas as medidas em estudo pelo governo. Segundo a assessoria do Ministério da Fazenda, a reunião marcou a retomada dos encontros semanais entre BC e Fazenda que eram realizados até antes da crise política que envolveu o ex-ministro Antonio Palocci.

Segundo a assessoria, nessas reuniões não há pauta específica. Participaram os diretores do BC Rodrigo Rocha Azevedo, de Política Monetária, e Afonso Beviláqua, de Política Econômica, além do secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, e do secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy.