Título: Para ex-ministro boliviano, Evo vai precisar do apoio do Brasil
Autor: Paulo Moreira Leite
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2006, Economia & Negócios, p. B1,3,4,5,6

Ao dizer que pretende vistar o Brasil e jogar futebol, esporte que costuma praticar sempre que a agenda de fim-de-semana permite, o presidente da Bolívia, Evo Morales, conseguiu reconciliar-se com o governo brasileiro e com seu eleitorado ao mesmo tempo. "A notícia de que Evo e Lula conseguiram se entender é muito positiva," afirma o engenheiro Guillermo Torres Oriás, que foi ministro da Mineração e Hidrocarburetos no governo de Carlos Mesa. "Uma ruptura do Brasil com a Bolívia seria ruim para os dois países e para toda a América do Sul." Nos tempos em que passou no governo, Guillermo Torres presenciou várias visitas do candidato Evo Morales ao já presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não tenho a menor dúvida de que o apoio e a simpatia do Lula sempre foram de grande valor para o Evo", afirma.

Para a maioria dos observadores, o valor da aliança com Lula vai muito além do novo preço do gás. Eleito num vendaval de votos que traduziram um oceano de aspirações que, com certeza, não serão atendidas nem no ritmo nem na forma prometida em palanque, Evo necessita do respaldo do governo do país mais rico e influente da América do Sul para enfrentar tormentas internas e externas. Desse ponto de vista, um afastamento com relação ao Brasil seria um desastre com poucos equivalentes. "Seria um puro absurdo pensar numa ruptura sem motivo real," diz Torres.

No início desta semana, grupos de trabalho formados para debater as diferenças entre os dois países fazem uma primeira reunião em La Paz.