Título: Taxista acha que essa crise será uma das piores
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2006, Internacional, p. A20

O entusiasmo é grande cada vez que o telefone toca no ponto do taxista Abu Ahmad, de 60 anos, em Betúnia, na Cisjordânia. É que o número de ligações caiu drasticamente nas últimas semanas. Ele define a situação como 'feia'. Já passou por muitas crises, mas a de agora promete ser das piores. Desde que os funcionários públicos palestinos pararam de receber salários, seu faturamento caiu pela metade. Antes ele ganhava 300 shekels por dia (US$ 67). Agora, 150. 'Quem vai andar de táxi quando não tem dinheiro nem para comprar leite?', pergunta.

A coisa fica mais complicada por causa dos recentes aumentos no preço dos combustíveis e da ameaça de escassez. A maior distribuidora local, a israelense Dor, suspendeu o fornecimento na semana passada, alegando falta de pagamento. Resultado: filas intermináveis nos postos.

Casado, pai de 5 filhos, Abu Ahmad atrasou o pagamento das contas de luz e telefone e cortou a mesada dos filhos. Ele diz que os jovens podem jurar que não vão sucumbir à pressão internacional, mas quando o assunto é sustentar mulher e filhos, tudo muda: 'Quando você tem que juntar moedas para comprar um botijão de gás, você pensa menos em política e mais em sobrevivência.'