Título: Petrobrás não abre mão do gás boliviano, diz Gabrielli
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Economia & Negócios, p. B6

O esforço pela auto-suficiência na produção de gás natural não significa que o Brasil abrirá mão do gás boliviano, afirmou ontem o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, ao fazer uma apresentação aos investidores estrangeiros em Nova York sobre os lucros da empresa no primeiro trimestre, divulgados no Brasil na primeira quinzena do mês.

"Temos demanda por gás em ritmo bastante elevado, hoje na ordem de 41 milhões de metros cúbicos ao dia; a previsão é que atinja 99 milhões de metros cúbicos ao dia até 2010", ressaltou, lembrando que até 2019 a Petrobrás tem contrato com a Bolívia para fornecimento de 30 milhões de metros cúbicos por dia. "Estamos falando de aumentar a independência em relação ao gás da Bolívia, mas não estamos abrindo mão do fornecimento."

Se a Bolívia não fornecer gás para o Brasil, afirmou, não terá para onde escoar. "Sem ter como produzir gás, a Bolívia não tem como refinar combustíveis líquidos, que dependem do condensado, produzido junto com o gás. Portanto, a Bolívia se condena a uma paralisação se não tiver onde alocar o gás. Não há lógica racional para considerar a hipótese de o país suspender o fornecimento para o Brasil."

ANTES E DEPOIS Durante sua apresentação, Gabrielli mostrou uma seção de fotos da Bolívia antes e depois da Petrobrás, com imagens de instalações de uma unidade boliviana de refino. "Nós mudamos a refinaria." Ele também mostrou a mudança nas exportações da Bolívia após 1999, quando o Brasil se tornou o maior comprador de gás do país.

Segundo Gabrielli, será necessário redefinir o ambiente regulatório se a empresa quiser continuar na Bolívia. Uma equipe técnica se encontra no país semanalmente. "A Petrobrás faz a discussão técnica com a YPFB e o governo faz a discussão diplomática."

Para ele, "a solução terá de ser mais diplomática do que à força". Mas, do ponto de vista operacional, até agora "as coisas continuam como antes".