Título: 'Um município tão grande, não me recordo'
Autor: Wilson Tosta e Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2006, Nacional, p. A6

Políticos ouvidos pelo Estado sobre compras de veículos feitas por prefeituras fluminenses do grupo da Planam eximem-se de responsabilidade pelos negócios - embora tenham atuado em várias fases, das emendas à entrega das mercadorias. Todos negam qualquer ligação com os empresários hoje na mira da Polícia Federal.

"Podem até ter chegado ambulâncias", afirma o ex-prefeito de Nova Iguaçu (1997 a 2002) e deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ). "Mas que eu tenha licitado, não." Levantamento do Estado, porém, mostra quatro compras de veículos das empresas sob investigação, de 2000 a 2002. Um dos convênios tem a assinatura de Bornier. "Um município tão grande como Nova Iguaçu, não me recordo...", diz.

O sucessor de Bornier, Mário Marques (PSDB), também alega não se lembrar da única compra efetuada junto às empresas na sua gestão. "Não comprei ambulâncias Doblô. As ambulâncias que vieram não foram compradas na minha gestão."

Informado que os veículos chegaram em 2005, mas tiveram os pagamentos empenhados em sua gestão, Marques se exime de responsabilidade. E nega ter pedido ao deputado Itamar Serpa (PSDB-RJ) para fazer a emenda que pagou a conta. Serpa, porém, garante que fez a emenda a pedido de Marques.

Os sobrenomes das famílias Trevisan e Vedoin, investigadas pela PF, aparecem nos quadros societários das empresas Klass, Santa Maria e Planam - que fizeram vendas para Nova Iguaçu. Duas ambulâncias compradas estão paradas há um ano e meio, para manutenção. Têm placas de Cuiabá.