Título: Material da Petrobrás está retido nos portos
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2006, Economia & Negócios, p. B10

A greve dos auditores e fiscais da Receita, no Rio de Janeiro, já atinge o fluxo das importações. A presidente da delegacia regional fluminense do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), Vera Tereza Balieiro, informa haver grande material da Petrobrás retido nos portos.

"Todo o equipamento para a sinalização da plataforma P52 aguarda desembaraço. Há uma demanda enorme da Petrobrás e o governo deveria levar isso em conta", diz Vera.

A P52, construída em Cingapura, está sendo montada no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, e, depois de pronta, será instalada no campo gigante de Roncador, na Bacia de Campos. A sindicalista informou que este é apenas um exemplo.

"Por enquanto, o reflexo está sendo identificado nas importações. Mas, na próxima divulgação do saldo comercial, já deverá se refletir nas exportações. Não queríamos deflagrar esta greve, mas o governo não nos deu alternativa", diz ela.

Ainda segundo Vera, no Estado do Rio a greve afeta os portos de Itaguaí e do Rio e o Aeroporto Internacional Tom Jobim, de onde só são liberadas cargas perecíveis, remédios e animais vivos, ou carregamentos cujo desembaraço é determinado por liminar judicial. No Rio atuam 1.200 dos 7.700 auditores da Receita no País.

No Recife, indústrias como a Baterias Moura, que precisam de matéria-prima importada para fabricar seus produtos, começaram a recorrer à Justiça Federal para conseguirem a liberação das cargas que requerem inspeção no Porto de Suape, em Cabo de Santo Agostinho.

"Só conseguimos retirar os importados com mandado de segurança", afirmou o vice-presidente da empresa, Paulo Sales. Entre as matérias-primas importadas pela empresa está o chumbo. No pátio do Porto de Suape, cerca de 600 contêineres com produtos importados aguardam liberação.