Título: Senado aprova muro contra ilegais
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2006, Internacional, p. A12

Mas rejeita medida que impedia normalização do status de imigrantes que estão irregularmente nos EUA

O Senado americano aprovou ontem medidas que abrem caminho para a legalização dos estimados 11,5 milhões de imigrantes ilegais e, ao mesmo tempo, reforçam as fronteiras do país. Por 66 votos a 33, o Senado rejeitou uma proposta que visava impedir a normalização gradual do status migratório de milhões de ilegais.

Logo depois, 83 senadores votaram a favor da construção de uma barreira tripla de cercas ao longo de 600 quilômetros da fronteira com o México. E 99 endossaram a medida que impede imigrantes ilegais que cometeram crimes de tornar-se residentes do país.

No conjunto, as três decisões abriram caminho para uma proposta que segue em grandes linhas a solução que o presidente George W. Bush defendeu em discurso à nação, na noite de segunda feira: a legalização de milhões de ilegais e o reforço da fronteira.

Em meio a um clima de grande tensão no Capitólio, e com a Casa Branca disposta a mostrar aos conservadores que a legalização dos estrangeiros hoje irregulares não equivale à anistia, senadores continuaram a trabalhar na montagem de um projeto de lei que abranja esses dois elementos principais. Os líderes dos dois partidos disseram esperar a votação da proposta do Senado antes do recesso previsto para o fim do mês.

A parte mais difícil começará no próximo mês, quando será formada uma comissão mista de senadores e deputados para conciliar o projeto de lei do Senado com o aprovado pela Câmara de Representantes em dezembro. A proposta da Câmara difere essencialmente da do Senado no tratamento a ser dado aos ilegais já no país. Ela torna crime o ato de imigrar ilegalmente ou ajudar quem tente fazê-lo, prevê a deportação de todos os milhões de infratores e prisão de até cinco anos para americanos que lhes ajudarem. Bush já descartou a hipótese de ordenar deportações em massa. Ele ampliará hoje sua campanha para ganhar adeptos entre os republicanos para a proposta que está surgindo no Senado visitando o Arizona, na fronteira com o México.