Título: Conselho caça apoios para Alckmin
Autor: Marcelo de Moraes e Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2006, Nacional, p. A6

A montagem dos palanques regionais será um dos pontos centrais da primeira reunião do conselho político da campanha presidencial do tucano Geraldo Alckmin, que será realizada amanhã em Brasília. Dirigentes do PSDB e PFL reconhecem dificuldades para a formação de palanques consensuais em vários Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Distrito Federal, além de divergências entre os dois partidos em pelo menos outros dois lugares: Sergipe e Rio Grande do Norte. Na avaliação dos líderes doo PSDB e PFL, o fortalecimento das campanhas regionais é fundamental para que Alckmin consiga cumprir seu principal objetivo, que é o de chegar ao segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com esse objetivo, integrantes do conselho querem apressar as negociações com os candidatos regionais do PMDB para compor alianças nos Estados que ajudem a alavancar a candidatura de Alckmin. Como o presidente Lula também já está conversando com líderes do PMDB, os dois principais candidatos ao Palácio do Planalto passam a travar uma disputa direta pelo espólio do partido.

Além disso, líderes pefelistas e tucanos também estão de olho no PP e no PTB, para recompor a parceria bem-sucedida que levou Fernando Henrique Cardoso ao Planalto em 1994 e facilitou sua reeleição em 1998.

¿Precisamos dar a Alckmin os palanques regionais mais fortes e isso inclui nomes do PMDB¿, avalia o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ). ¿Como não será possível fazer uma aliança institucional com o PMDB, é preciso fazer negociações individuais com candidatos que possam interessar. O que não dá é ter palanques divididos nos Estados.¿

AMPLIAÇÃO

O conselho é composto pelos líderes do PSDB e PFL na Câmara e no Senado e pelos presidentes dos dois partidos, além de Alckmin e seu vice pefelista, senador José Jorge (PE). Mas o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), vai propor amanhã que o colegiado seja ampliado. Para evitar novos atritos entre aliados potenciais que ainda não selaram parceria oficial com o PSDB, já sugeriu a Alckmin que o conselho inclua também um representante do PP. ¿Alguém do PP gaúcho que esteja nos apoiando pode participar das reuniões para evitar problemas de comunicação e articulação nas viagens do candidato¿, defende o presidente do PFL.

A decisão de reunir os conselheiros de Alckmin foi sugerida por Bornhausen na semana passada, em meio às críticas à coordenação da campanha e ao presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Ainda assim, o pefelista aposta que o bate-boca é coisa do passado. ¿Ninguém vai para uma reunião dessas para brigar, vai para colaborar.¿

Alguns problemas estão claros. No Rio Grande do Sul, a deputada Yeda Crusius (PSDB) lançou sua pré-candidatura. Mas existe interesse no apoio do governador Germano Rigotto (PMDB), que disputará a reeleição. No Rio, Eduardo Paes (PSDB) será candidato, e o prefeito César Maia (PFL) estuda apoiar o senador Sérgio Cabral Filho (PMDB) ou a deputada Denise Frossard (PPS).

No Distrito Federal, o PFL lançou uma chapa puro-sangue com o deputado José Roberto Arruda na cabeça e com o senador Paulo Octávio como vice. Mas a governadora Maria de Lurdes Abadia (PSDB) tende a apoiar o candidato que for lançado pelo ex-governador peemedebista Joaquim Roriz, de quem herdou o cargo após o período de desincompatibilização. Como o próprio Alckmin tem ao mesmo tempo uma relação muito boa com Roriz e com Arruda, um novo impasse poderá se formar na capital.