Título: Metade das crianças de até 4 anos está sob risco
Autor: Robson Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2006, Nacional, p. A6

A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar revela um cenário perverso para os domicílios com crianças e aqueles que se declararam pretos ou pardos. Em todo o País, metade dos meninos e meninas até os quatro anos de idade encontra-se em situação de risco alimentar leve, moderado ou grave. No nível mais baixo da tabela, há 1,5 milhão de crianças convivendo com a falta de comida, número que representa 10,3% da população brasileira na faixa etária.

No Norte e no Nordeste a situação é ainda pior, com cerca de 17% das crianças com menos de cinco anos de idade em situação de insegurança alimentar grave, ante 5,3% no Sul e Sudeste e 5,7% no Centro-Oeste.

Dos 13,9 milhões de brasileiros que vivem de perto a realidade da fome, mais de 10 milhões são pretos ou pardos (72,4%), uma diferença significativa diante dos 3,8 milhões que se declararam brancos (27,3%) e sofrem com a falta de alimentos. Enquanto para a população negra a proporção dos que não têm nenhum tipo de preocupação com alimentação sequer atinge a metade (47,7%), para os brancos o índice de segurança total chega a 72% .

Três em cada quatro pessoas que convivem com a fome moram em domicílios onde a renda per capita mensal não ultrapassa meio salário mínimo, o equivalente a R$ 4,30 por dia.

O número de moradores também representa forte impacto. Enquanto a proporção de moradias com insuficiência moderada ou grave situa-se em um patamar próximo a 15% nos domicílios com até três pessoas, nas residências com sete ou mais chegou a 42,8%. Nos domicílios com pelo menos um morador com menos de 18 anos, a proporção de mulheres em situação de insegurança alimentar moderada ou grave chegou a 28,4%, ante 19,8% para os homen