Título: Mortos na Indonésia já são 5,1 mil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2006, Internacional, p. A9

O governo da Indonésia declarou ontem estado de emergência, um dia após um terremoto de 6,3 graus na escala Richter matar mais 5.100 pessoas na Ilha de Java. Equipes de resgate e milhares de sobreviventes exaustos escavavam entre os escombros das casas destruídas na esperança de encontrar sobreviventes. A Embaixada do Brasil em Jacarta já localizou seis dos sete brasileiros que residem na região.

O terremoto, que também deixou cerca de 20 mil feridos e pelo menos 200 mil desabrigados, é o pior desastre sofrido pela Indonésia desde o tsunami de dezembro de 2004. O tsunami matou 230 mil pessoas em dez países asiáticos, a maioria na Indonésia.

Caminhões com voluntários de partidos políticos e grupos islâmicos, assim como veículos militares com soldados, seguiram da antiga cidade real de Yogyakarta, também muito afetada pelo tremor, para a cidade de Bantul, onde morreram 2.700 pessoas e 80% das casas foram destruídas.

Suprimentos médicos e sacos plásticos para colocar os corpos chegaram ontem ao aeroporto de Yogyakarta, cerca de 25 quilômetros da Costa do Oceano Índico, onde ocorreu o epicentro do tremor na madrugada de sábado. A comunidade internacional se apressou em ajudar a Indonésia, oferecendo médicos, equipes de resgate, barracas, cobertores, roupas, comida, água potável e dinheiro. "Terei de reiniciar minha vida do zero", disse Poniran, morador de Bantul, cuja filha de 5 anos, Ellie, morreu no terremoto. Poniran resgatou a filha com vida entre os escombros, mas a menina morreu no hospital onde aguardava atendimento junto a centenas de pessoas.

Dezenas de milhares de pessoas passaram a noite de sábado ao relento. A eletricidade e a comunicação telefônica estavam interrompidos em boa parte da região.

Muitos sobreviventes removiam os destroços de suas casas em busca de objetos de valor ou de utilidade e reclamavam de falta de ajuda, como cobertores, alimentos e água.

Bambang Dwiyanto, chefe do Departamento de Geologia da Indonésia, disse que não há ligação entre o aumento de atividade do vulcão Merapi - que fica a 30 quilômetros de Yogyakarta - e o terremoto.

No entanto, ele disse que o tremor pode desatar uma grande erupção. Há semanas o Merapi vinha expelindo nuvens de fumaça e lava, mas logo após o terremoto o vulcão de 3 mil metros lançou enormes nuvens de vapor, além de pedras a 3,5 quilômetros de distância.