Título: Irritado, Alckmin chama presidente de mesquinho
Autor: Leonencio Nossa, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Nacional, p. A4

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, reagiu ontem com dureza às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusando seu principal adversário nas eleições de outubro de "desrespeitar e ofender" o povo paulista e de estar sendo "mesquinho" ao explorar eleitoralmente a onda de violência que desde sexta-feira assola o Estado. Até 31 de março, Alckmin era governador de São Paulo.

O tucano foi além. Lembrando do escândalo do mensalão, que atingiu o governo de Lula, ele disse que o presidente tem maioria no Congresso para livrar da cassação deputados envolvidos no esquema de corrupção, os mensaleiros, mas não para votar projetos de combate ao crime.

As declarações de Alckmin vieram em resposta a Lula, que em visita a duas cidade de Goiás, Ceres e Santo Antonio do Descoberto, disse que a onda de violência é resultado da falta de investimentos em educação.

Em visita a Ribeirão Preto, no interior paulista, e mais tarde por nota o ex-governador e pré-candidato ao Planalto foi ácido. Disse que Lula não tem respeito pela população. "O presidente Lula desrespeita e ofende o povo de São Paulo. Ele sempre foi omisso nessa questão de segurança", criticou. "E nesse caso agora, pior. Lula nunca condenou o crime organizado, nunca falou uma palavra condenando os atentados covardes. Policiais de São Paulo foram mortos pelas costas. E o que faz o presidente?", perguntou para, em seguida, ele próprio responder. "Lula preserva as quadrilhas criminosas e vem atacar a polícia paulista. É inadmissível."

Alckmin lembrou o que o próprio Lula afirmara no início das ações violentas. "Há dois dias o Lula falou que 'não haveria nenhum mesquinho no Brasil capaz de querer fazer uso eleitoral desses atentados'. Tem sim. O próprio Lula com essas declarações de agora." O tucano ainda comparou sua conduta à de Lula em relação à onda de violência. "Nesses atentados de agora, eu condeno os bandidos. Lula ataca a polícia." Para Alckmin, "nunca" Lula fez "nada de prático" contra a criminalidade.

Lembrando do "pedido de socorro" do governo federal para que São Paulo recebesse em seu sistema penitenciário o traficante Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar - São Paulo por solicitação da União arrumou vaga para o criminoso em presídio de segurança máxima -, Alckmin atacou: "O presidente, que tem iniciativa legislativa, se omitiu na mudança de lei que dá folga a esses bandidos. Ele é cúmplice dessa situação."