Título: Bancada petista na Assembléia vai processar Estado
Autor: Leonencio Nossa, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2006, Nacional, p. A4

Bancada petista na Assembléia vai processar Estado

Idéia é apresentar ação de responsabilidade criminal contra autoridades por mortes em SP

Na esteira da onda de violência, alinhado com as declarações do presidente Lula, o PT subiu o tom das críticas ao governo estadual e ao PSDB do ex-governador Geraldo Alckmin. Pré-candidato a governador, o senador Aloizio Mercadante reuniu-se ontem com a bancada do partido na Assembléia e, em meio à polêmica sobre repasses federais para a segurança, responsabilizou o Estado pela crise e apontou desperdício de dinheiro.

"O fracasso pelo sistema prisional de São Paulo e o colapso a que estamos assistindo é de responsabilidade do governo de São Paulo", afirmou Mercadante, que evitou citar Alckmin e seu adversário direto, José Serra (PSDB). O PT vai rever o programa partidário gratuito que será exibido no dia 20, com destaque para a segurança, e deve incluir cenas da reunião de ontem. Em 20 minutos de programa estrelado por Mercadante, entre outras ações, os petistas vão cobrar a "reação tímida" especialmente de Alckmin e Serra, que está fora do País. A dose dos ataques ainda é discutida com cuidado, para não configurar o uso político do caos em São Paulo, e o provável desgaste decorrente.

Após a reunião com o senador, a bancada petista anunciou que vai preparar uma ação de responsabilidade criminal contra as autoridades estaduais pelas mortes decorrentes da ofensiva do PCC. Também pretende investigar o acordo para que a facção encerrasse os ataques e convocar os secretários de Segurança e Administração Penitenciária.

"Não há precedentes na história de São Paulo de barbárie tão grave", disse Mercadante, admitindo que a segurança deverá ser o calcanhar-de-aquiles de Alckmin e Serra, na próxima campanha. "Isso terá um peso no futuro político do Estado, mas devemos neste momento buscar parceria e uma atitude suprapartidária." Apesar da cautela, disse que o combate ao crime organizado "nem sequer começou" e os recursos aplicados na Secretaria de Segurança têm sido "desperdiçados".

O corte de repasses do orçamento federal atingiu "todas as áreas", não apenas a segurança, e é um problema de todos os governos, ressaltou Mercadante. "Se o Estado teve R$ 18 bilhões de excesso de arrecadação, não pode pagar o segundo pior salário da polícia civil do País", disse ele, depois de citar os R$ 615 milhões que o governo paulista deixou de aplicar na Segurança de 2001 a 2005.