Título: Investimento exige segurança, diz Annan
Autor: Denise Chrispim Marin, João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Economia & Negócios, p. B4,5

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, deu um recado ao governo de Evo Morales sobre a decisão de romper contratos com as companhias estrangeiras que atuam na Bolívia e nacionalizar o setor do gás e do petróleo. Convidado especial para a 4ª Reunião de Cúpula União Européia-América Latina, Annan declarou que todo país interessado em atrair investimentos estrangeiros no setor produtivo deve obrigatoriamente oferecer garantias e segurança jurídica de longo prazo ao capital.

"As economias estão cada vez mais interdependentes e conectadas. As regras dos governos nacionais sobre a administração dos seus recursos devem ser orientadas para uma solução benéfica aos países e aos investidores", disse Annan ao ser indagado, em entrevista, sobre a decisão boliviana.

Somada à exposição do primeiro-ministro da Áustria, Wolfgang Schüssel, na mesma entrevista, a declaração de Annan indicou que a atitude da Bolívia não passou despercebida pelos líderes reunidos em Viena.

Schüssel afirmou que os países são livres para definir se querem ou não atrair investimentos estrangeiros no setor produtivo, e os investidores são igualmente livres para decidir onde aplicar o capital.

Pouco depois, em encontro reservado, ele manifestou ao presidente Lula sua preocupação com a insegurança jurídica no setor energético. "Se o país diz que sim, que quer receber os investimentos, tem de dar garantia jurídica", afirmou.

BID O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, disse que a nacionalização das reservas de gás na Bolívia teve impacto negativo na imagem da América Latina entre os investidores estrangeiros."Não há dúvida que tudo que signifique mudança nas regras do jogo com essa profundidade produz uma ansiedade nos investidores", disse Moreno.