Título: 'Acre? Não conheço nenhum Acre'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Economia & Negócios, p. B3

Evo 'esquece' declaração sobre troca do território por um cavalo

Evo Morales, presidente da Bolívia, agora não conhece nenhum Acre.

Ontem, oportunamente, esqueceu-se do território que, em suas declarações à imprensa no dia anterior, seu país havia trocado com o Brasil por "um cavalo".

Nos documentos históricos, o Acre passou a figurar no território brasileiro em 1903, ao final de uma negociação conduzida pelo patrono da diplomacia do Brasil, o Barão do Rio Branco, ao custo de 2 milhões de libras esterlinas e de uma indenização de 150 mil libras à companhia que dominava a região.

"Que Acre? Não conheço nenhum Acre", disparou Morales, no final da entrevista de ontem, ao ser cobrado pelos jornalistas por não ter respondido se a devolução desse território seria uma nova contenda de seu país, a exemplo da região ao Norte do Chile.

A aparente crise de amnésia se deu na mesma Sala 18 do Centro de Imprensa da IV Cimeira União Européia-América Latina, onde na quinta-feira Morales havia apresentado a cessão do Acre ao Brasil, há mais de cem anos, como exemplo de "espoliação" da Bolívia.

Mas foi na verdade induzida por um de seus assessores, que lhe passou um bilhete com letras garrafais: "A última pergunta do Brasil não deve ser respondida".

De fato, trata-se de uma questão nevrálgica e, como afirmou na noite de quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, resolvida há mais de um século.

COCA E CANA Inventivo em sua primeira participação em uma reunião de chefes de Estado, Morales informou à imprensa que não ficou satisfeito com a condenação da produção de coca e cocaína acrescentada na declaração final da Cimeira de Viena.

O ex-líder cocaleiro afirmou que a plantinha, no seu estado natural, "nunca matou ninguém" e não poderia, portanto, ser incluída na lista de ilícitos e venenosos."Se é preciso punir a coca, seria preciso também punir a cana, a cevada e a uva", argumentou