Título: Annan pede diálogo direto EUA-Irã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Internacional, p. A21

Secretário da ONU quer negociações para pôr fim à crise nuclear, mas embaixador americano rejeita idéia

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, fez ontem um chamado aos EUA para que "reduzam a retórica" e iniciem negociações diretas com o Irã, em conjunto com os europeus, sobre o programa nuclear desse país. França, Alemanha e Grã-Bretanha vão discutir com autoridades iranianas, em data ainda a ser definida, uma proposta de benefícios econômicos em troca da desistência do Irã de enriquecer urânio para seu programa nuclear.

"Tenho pedido a todos os lados para abaixarem a retórica e intensificar os esforços diplomáticos para encontrar uma solução", disse Annan a repórteres. Pouco depois, o embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, respondeu, por meio de um comunicado: "Esta não é uma questão bilateral entre os EUA e o Irã. É uma questão entre os EUA e o mundo."

Ao mesmo tempo, ontem o presidente francês, Jacques Chirac, comentou que a França não é contra uma resolução dura do Conselho de Segurança da ONU para forçar o Irã a desistir do enriquecimento, mas se opõe a um texto que remeta automaticamente à imposição de sanções ou o uso da força. A declaração causou estranheza porque na semana passada a França apresentou com a Grã-Bretanha um anteprojeto de resolução que deixava explicita a possibilidade do recurso a sanções ou ação militar. "Nosso objetivo é que estejamos numa posição de impor decisões tomadas pelo Conselho de Segurança", respondeu Chirac, quando lhe perguntaram se sua declaração não contradizia a atitude da França. O texto não foi levado à votação por causa da oposição da Rússia e China.

O Irã anunciou disposição de estudar a proposta dos europeus, só que também reiterou que não desistirá de seu projeto.