Título: Aprovação de Bush é só de 29%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Internacional, p. A16

Líder chega perto dos dois presidentes recordistas em impopularidade dos últimos 50 anos: Nixon e Carter

A seis meses das eleições legislativas, a popularidade do presidente americano, George W. Bush, chegou ao nível mais baixo de seu governo, segundo pesquisa do instituto Harris Interactive divulgada ontem por The Wall Street Journal. Ele tem apenas 29% de aprovação, chegando perto dos dois presidentes americanos com níveis mais baixos de popularidade dos últimos 50 anos: Jimmy Carter, que chegou a cair a 21%, e Richard Nixon, que deixou a Casa Branca com apenas 24% de popularidade (quadro acima).

No dado mais preocupante para os políticos republicanos - que tentarão manter a maioria nas duas Casas do Congresso, em novembro -, apenas 18% dos entrevistados se disseram satisfeitos com a atuação dos congressistas do partido. A pesquisa, que ouviu por telefone 1.003 adultos em todo o país, entre os dias 5 e 8, tem margem de erro de 3 pontos porcentuais.

Em abril, de acordo com o mesmo instituto, Bush tinha 35% de aprovação. Em janeiro, a aprovação do presidente era de 43%.

Com a cifra divulgada ontem, Bush ultrapassa, em termos de queda de popularidade, o pai dele. Em 1992, em meio a uma crise econômica, George H. Bush tinha 32% de aprovação.

Associados aos resultados de outras sondagens de opinião pública divulgados nos últimos dias, os números do instituto Harris indicam que a popularidade do presidente está perto da queda livre. Há três dias, uma pesquisa do jornal The New York Times e da rede de TV CBS situava o nível de aprovação de Bush em 31%.

Além dos problemas do pós-guerra no Iraque, a polêmica sobre a nova legislação de imigração e os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis têm sido os principais fatores dos baixos níveis de aceitação de Bush. O conflito iraquiano foi apontado como o principal problema dos EUA por 28% dos entrevistados. Na sondagem anterior, o porcentual de americanos que apontavam o Iraque como o principal problema do país era de 23%.

A pesquisa mostra que a imigração é o maior problema de Bush para 16% dos americanos. O preço da gasolina foi apontado por 14% dos entrevistados como sua maior preocupação.

Segundo o Harris, apenas 24% dos americanos consideram que "o país caminha numa boa direção", enquanto 69% estimam o contrário.

Bush atingiu os mais altos índices de aprovação durante o período que se seguiu aos atentados de 11 de setembro de 2001, quando 88% dos americanos cerraram fileiras em torno de seu presidente ante o desafio terrorista. Após um período de ligeira queda, a popularidade de Bush voltou a se elevar após o início da guerra no Iraque, em 2003, quando 70% dos americanos consideravam boa ou ótima a iniciativa do presidente de invadir o país do Golfo Pérsico para desarmar os supostos arsenais de armas de destruição em massa mantidos por Saddam Hussein.

Mas as armas proibidas de Saddam nunca apareceram e a percepção do americano médio é a de que apesar dos quase 2.500 compatriotas mortos em mais de três anos de guerra, os EUA não estão menos vulneráveis aos ataques terroristas nem o Iraque se encaminha para tornar-se uma ilha de democracia no mundo árabe.

"Questões como as que envolvem leis de imigração ou o alto preço da gasolina - causada em grande parte pela turbulência política nos países que mais produzem e exportam petróleo - afetam a popularidade de Bush", diz o analista do Brookings Institute Stephen Hess. "Mas a principal causa da baixa aprovação é, sem dúvida, a falta de progresso no Iraque."

Para Hess, a situação no Iraque pode ter, para Bush, o mesmo efeito negativo que a Guerra do Vietnã teve para a popularidade de Lyndon Johnson.