Título: PFL vence queda-de-braço e monopoliza Alckmin na BA
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Nacional, p. A12

Grupo do tucano Jutahy Jr. só encontra pré-candidato por uma hora e após três mudanças de endereço

O PFL monopolizou a agenda e a atenção do pré-candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, em sua primeira visita a Salvador, ontem. Na queda-de-braço travada com o líder tucano na Câmara, o baiano Jutahy Júnior, os pefelistas liderados pelo senador Antonio Carlos Magalhães e pelo governador Paulo Souto cederam ao PSDB apenas uma brecha na programação de Alckmin, para uma visita de pouco mais de uma hora à sede estadual de seu partido.

A concessão foi acertada depois de negociação com o PFL: por exigência de ACM, o encontro com os tucanos, que lhe fazem oposição, mudou três vezes de endereço. ACM e Souto não só deixaram de lado o grupo de Jutahy como cooptaram setores do PSDB. Mais: atraíram o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE), para prestigiar o almoço de Alckmin com a cúpula pefelista no restaurante do Sesc do Pelourinho.

"O PFL tinha mesmo que acabar tomando conta do nosso candidato na Bahia", resignou-se Tasso, em conversa com um colega. Ele fez o desabafo depois que o tucano lembrou-lhe que, dos 417 municípios baianos, o PSDB tem apenas 18 prefeitos e nada menos que 16 já declararam voto em Souto.

CARLISMO

Adversários de ACM, como o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), insistem na tese de que o carlismo é uma força política em declínio e tem, hoje, só um terço dos votos do Estado. Mas o raciocínio não se aplica ao governador. Tanto que a contabilidade de Souto é outra.

Segundo ele, os partidos de oposição ao carlismo conquistaram 76 prefeituras, mas vários destes prefeitos já aderiram ao governo estadual. "Minha base de apoio tem entre 380 e 390 prefeitos", afirma Souto.

Apesar da tensão da véspera, agravada pelo atraso de Alckmin - que só chegou a Salvador no início da madrugada -, o tucano transitou com desenvoltura entre políticos, baianas vestidas a caráter e populares. Visitou obras sociais de Irmã Dulce, rezou na Igreja do Bonfim e amarrou a tradicional fitinha no pulso. Declarou que tem a alma um pouco baiana, pois foi pela Bahia que seus avós chegaram ao Brasil, quando deixaram Portugal e Espanha.

À noite, na sede do PSDB, Alckmin participou de reunião para discutir sua campanha e tentar arrancar apoio à candidatura ao Senado do ex-prefeito Antonio Imbassahy . Depois de trocar o PFL pelo PSDB, Imbassahy tornou-se o pivô da crise na aliança entre tucanos e pefelistas na Bahia, já que o candidato do PFL é Rodolfo Tourinho.

Alckmin voltou a criticar o presidente Lula. Disse que o governo "é frouxo" na condução da crise da Bolívia e criticou o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. "É tudo mentira, isso é amnésia petista." Ele se comprometeu a concluir obras. "O Lula não gosta da Bahia. Não tem obra nenhuma no Nordeste, e investimentos federais no Estado ao longo da gestão Lula foram de R$ 4 per capita."