Título: 'Risco é igualar salário por cima'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Nacional, p. A4
O plano de cargos e salários comum aos três Poderes, a ser criado pelo governo federal, deveria priorizar o congelamento dos salários mais elevados pagos aos servidores dos chamados Poderes Autônomos (Legislativo e Judiciário) até que os salários do Executivo, hoje defasados, atingissem os mesmos patamares.
A opinião é do economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, que viu "perigo" no encontro de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, do Senado, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, além dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, para discutir o salário do funcionalismo.
"Reuniões assim, em ano eleitoral, são um perigo. Todas as vezes que falam em unificação dos cargos e salários, ou a chamada isonomia, pensam em igualar os salários por cima, pelos maiores vencimentos", disse Velloso ao Estado. "É preciso calma e paciência ao tratar desse tema. Um acordo dos três Poderes deveria priorizar a paciência, sem reajustes para os servidores do Legislativo e do Judiciário, e com correções graduais para os do Executivo, até que todos se equiparassem."
Segundo ele, a maior preocupação é que as contas públicas não têm condições de absorver equiparações salariais pelos níveis mais elevados.