Título: PF faz apreensões e quer mais dados de assessora
Autor: Sônia Filgueiras, Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2006, Nacional, p. A6

Advogado de ex-funcionária do Ministério da Saúde revela nomes de novos envolvidos no esquema para tentar obter benefício da delação premiada

Foram proveitosas as operações de busca e apreensão realizadas nas sedes das empresas e nas residências de presos pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga. Segundo um investigador que acompanha o caso, o material recolhido é "ouro puro". Diante disso, Ministério Público, Polícia Federal e o juiz que acompanha a operação, Jeferson Schneider, decidiram não fechar de imediato acordo de delação premiada com a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino.

Ela é uma das principais acusadas de participar de esquema usado para desviar recursos do orçamento federal, com a venda fraudada de ambulâncias superfaturadas. Penha ainda poderá ser beneficiada mais adiante pela delação premiada, o que garantiria uma pena mais branda em troca das informações que auxiliem a investigação. Para isso, porém, terá de continuar a colaborar com as investigações sobre a quadrilha.

Em busca do acordo, o advogado de Penha, Eduardo Mahon, forneceu ontem nomes de quatro novos integrantes do esquema, apontados como encarregados de sacar dinheiro em espécie das contas dos empresários destinadas ao pagamento de propinas aos parlamentares que apresentavam emendas ao orçamento, reservando dinheiro para a compra das ambulâncias. Os novos envolvidos fizeram saques de até R$ 1 milhão para o esquema.

Além disso, Mahon sinalizou com a entrega do disco rígido de um dos computadores da Planam, a empresa que fabricava as ambulâncias e atuava como central da quadrilha, manipulando licitações. O disco traz relação de emendas, de deputados que as apresentaram e da propina destinada a cada um.

Mahon também forneceu arquivos de dados dos computadores da Planam que reforçam as evidências de fraude em licitações nas prefeituras. O advogado vinha tentando obter a libertação de Penha neste final de semana, mas agora não sabe se manterá a estratégia de colaboração, diante da decisão das autoridades de estender as negociações em torno da delação.

A vigência das quase 50 prisões temporárias realizadas no âmbito da Operação Sanguessuga expira amanhã. O delegado que preside o caso, Tardelli Boaventura, afirmou que a PF deverá pedir a transformação de todas em prisões preventivas. Se a Justiça concordar, os acusados poderão permanecer presos até a sentença.