Título: Governo sobretaxa produtos de luxo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2006, Internacional, p. A20

Medida é adotada na esteira de pressões para reduzir desigualdade

Embora o governo chinês goste que companhias privadas como a Gome, de Huang Guangyu, estejam criando empregos e pagando impostos, ele vem enfrentando uma pressão crescente para diminuir a desigualdade. Muitas pessoas gostariam de ver Pequim tirar dos ricos e dar aos pobres. Na mídia, os ricos são freqüentemente retratados como sonegadores e velhacos que trabalham com chefões partidários para se apropriar de terras e de ativos de companhias estatais.

O empreiteiro de Xangai Zhou Zhengyi, antigo vendedor de rua de roupas íntimas que usou suas conexões políticas para se tornar um dos homens mais ricos da China, é citado como principal exemplo. O exuberante chinês de 43 anos está cumprindo pena de 3 anos de prisão por falsificação de documentos e manipulação com ações.

Há pouco, Pequim impôs impostos pesados sobre a compra de iates, relógios caros e carrões. Os líderes partidários também estão estudando a imposição de alíquotas de imposto de renda mais altas para os ricos.

Cidades como Pequim e Xangai, querendo proteger as pequenas empresas, recentemente colocaram restrições aos locais onde as grandes cadeias de varejo podem abrir suas lojas. Embora essa política possa limitar a ação de rivais de Huang, cadeias estrangeiras como a Best Buy têm mais recursos que a Gome.

O analista Lu Renbo, ligado ao Conselho de Estado, argumenta que Pequim, embora preocupada com a divisão da riqueza, também deveria dar mais atenção às empresas domésticas privadas, como a Gome. "O que realmente importa é que devemos alimentar nossas gigantes de varejo para enfrentar os lobos do exterior", diz Lu. "Muitas companhias estatais são fracas, mas essas empresas privadas são lobos."

Huang Guangyu diz que ele também está preocupado com a grande discrepância de riqueza em seu país, mas acrescenta que está ajudando a diminuir a distância entre pobres e ricos e não a aumentá-la. Huang afirma que pretende contratar mais 20 mil trabalhadores este ano.

Depois de 20 anos trilhando o próprio caminho, Huang garante que não espera nenhum favor especial do governo. E acrescenta: "Espero que possamos ao menos ter um tratamento igual."