Título: Presidente recebe Quércia hoje para discutir aliança
Autor: Jander Ramon e José Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir hoje com o presidente do PMDB em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, para discutir a possibilidade de aliança entre PMDB e PT para a eleição. No encontro, marcado para as 11 horas no Palácio do Planalto, segundo a assessoria de Quércia, os dois devem discutir não só o apoio em nível nacional, como a hipótese de coligação em São Paulo.

O PT estaria disposto a oferecer a vaga de vice na chapa do senador Aloizio Mercadante ao governo. O pré-candidato também estará hoje em Brasília, para transmitir o cargo de líder do governo no Senado a seu vice-líder, Romero Jucá (PMDB-RR).

Quanto à vaga de vice na chapa de Lula à reeleição, o ex-ministro Ciro Gomes disse ontem em Santos que, assim como setores de PT e PMDB, também não quer sua indicação. "Também sou contra meu nome", contou. Apesar disso, deixou de responder se aceitaria a indicação caso fosse convidado, dizendo que o repórter não o induziria "a cometer uma grosseria".

Ciro disse que vai colaborar ao máximo "para o êxito de uma possível candidatura do presidente Lula", mas explicou que seu objetivo é eleger-se deputado federal pelo Ceará. "Se Lula ouvisse um palpite meu, deveria reconduzir o vice-presidente José Alencar, por todos os seus méritos", afirmou o ex-ministro. "E, se por alguma razão o vice não quiser ou não puder ser, o que se impõe até a exaustão é o esforço para incorporar uma aliança com o PMDB."

Caso essas alternativas não dêem certo, ele sugere o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Eduardo Campos (PSB), "um garoto de grande valor". Também citou o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), "que tem todos os dotes para, se for o caso, apoiar o presidente Lula nessa ambição".

Ele se mostrou preocupado com as eleições. "Se nós deixarmos o sindicato dos políticos 'mandatar' a eleição, vamos perder uma ocasião crítica e ao mesmo tempo generosa de discutir os grandes temas nacionais", comentou. "Se deixarmos os políticos e suas superficialidades mandarem na política, vamos ver esse choque de não saber o que é mais grave, o mensalão ou os vestidos da primeira-dama."

Para ele, é preciso que os candidatos definam o compromisso com uma agenda objetiva, em torno de três reformas, a tributária, a previdenciária e a política. "A não equação desses três problemas constitui um câncer em metástase no destino nacional. Cada um desses problemas não tratados oportunamente, como não estão sendo, tem o condão, sozinho, de inviabilizar o Brasil."