Título: Efraim fala em prorrogar CPI e Garibaldi protesta
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Nacional, p. A8

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), pré-candidato a governador em seu Estado, deixará o posto se as investigações forem prorrogadas até outubro, como ameaça o presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB). Ontem, Efraim reiterou que não aceitará manobras do Palácio do Planalto "para proteger figurões que estiveram ou estão no governo". O mais provável, porém, é que a CPI se encerre no prazo previsto, 24 de junho.

"Se o governo agir de forma política, vamos responder de forma política e prorrogar a CPI", advertiu Efraim. O relator protestou: "Tenho um dever político a cumprir. Não quero abandonar o trabalho de maneira nenhuma, mas tenho um compromisso de candidato. Se houver necessidade de prorrogação, vou ter que submeter à CPI meu problema. Talvez a solução seja escolher um relator ad hoc (com função específica)."

Com a proximidade da conclusão do relatório, que Garibaldi espera receber amanhã dos técnicos da CPI, os ânimos entre oposicionistas e governistas se acirram. Ele disse não estar fechado a conversas com os petistas da comissão, mas garantiu que manterá os nomes de pessoas ligadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No relatório, será pedido o indiciamento de cerca de 70 pessoas. Entre elas, o ex-ministro Antonio Palocci e o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, amigo do presidente Lula.

Os senadores petistas Ideli Salvatti (SC) e Tião Viana (AC) não aceitam a inclusão desses nomes, argumentando que esses são episódios fora do campo de atuação da CPI. Outro ponto de divergência é a conclusão do relator de que houve motivação política no assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002.

"Qualquer negociação pode existir, desde que não traga constrangimento para o relator. Esta CPI não pode terminar em pizza, em fim do mundo", disse Garibaldi, brincando com o apelido "CPI do Fim do Mundo" dado à comissão, por causa do amplo leque de apurações.

Para o relator, o mais provável é que haja um confronto em plenário. "Não vamos ter gargalos no relatório. Vamos para a votação. Quem tiver maioria ganha, tem tiver minoria perde", afirmou.

No final da sessão, Efraim se queixou da atitude do senador petista Sibá Machado (AC), que mandou ofício ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pedindo informações sobre a atuação de delegados e agentes da Polícia Federal que trabalham para a CPI. "Estranhei a atitude deste senador. Ele poderia ter solicitado à CPI."