Título: No corpo-a-corpo, a dura caça aos votos do senador
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2006, Nacional, p. A6

No corpo-a-corpo, a dura caça aos votos do senador

Para conquistar militantes e vencer as prévias, Mercadante sai às ruas, faz discursos, revela os bons apoios e desfila estatísticas sobre o Estado

Confiante na vitória sobre Marta Suplicy na prévia petista marcada para hoje, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, aproveitou o último dia útil de campanha, na sexta-feira, para se desligar um pouco de Brasília - mas o telefone não pára de tocar - e se dedicar exclusivamente à disputa. Desde cedo, cumpriu uma extensa agenda, priorizando municípios da Grande São Paulo, apontados como os fiéis da balança.

Antes das 8 horas, o senador participou, ao lado de um de seus principais aliados, o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, de um café da manhã com filiados no Sindicato dos Bancários da cidade. Bem-humorado e com discurso eloqüente, argumentou que sua função em Brasília, como líder do governo Lula no Senado, o credencia para representar o PT na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

Fala mansa, listou todo o dia um a um seus apoios - 56 dos 57 prefeitos petistas; 380 dos 471 vereadores; 474 presidentes de diretórios do partido; 95% dos sindicatos e sindicalistas do Estado -, além do mais ilustre de todos, o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O presidente Lula publicamente tem sido cuidadoso, mas disse a todos os interlocutores que eu tenho o melhor perfil", afirmou.

Entre uma entrevista e outra para rádios de diferentes cidades do interior e até mesmo uma visita ao Parque do Gato, na zona Leste - no local havia uma favela que fora urbanizada pela hoje adversária Marta -, Mercadante cumpriu agenda de mais de 12 horas. Economista por formação, mostrou preparo invejável ao listar números e informações sobre o Estado que pretende administrar se vencer, primeiro, a prévia de hoje e, depois, o franco favorito segundo as pesquisas, o ex-prefeito José Serra. Surpreendeu até mesmo petistas que vão às urnas escolher entre ele e Marta. "Nossa, eu gostei dele. Não o conhecia pessoalmente. Fala bem", cochichou uma tímida militante do PT com outro já adepto da candidatura de Mercadante. Na camisa, colado ao lado direito do peito, carregava um adesivo com os dizeres: "Sou Lula, sou Mercante, sou PT."

Aos que demonstravam dúvida em relação à sua viabilidade eleitoral - na semana em que o Ibope divulgou uma pesquisa na qual Marta teria mais votos que ele -, Mercadante foi logo explicando. Primeiro, enfatizou que se leva desvantagem em relação à Marta tem, no contraponto, a seu favor o fato de sua rejeição ser menor que a da ex-prefeita. Depois, um pouco mais agressivo, lembrou aos militantes que Marta perdera para Serra no primeiro e segundo turno na eleição de 2004. Por fim, fez a linha do "companheiros, me dêem uma chance", ao alegar que está no PT desde a fundação do partido - em 1980 - e que "jamais" teve a chance de disputar um cargo Executivo.

Com um discurso duro contra o PSDB de Serra e de Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência, Mercadante demonstrou ter na ponta da língua todos os pontos frágeis da administração tucana. Somado a isso, igualmente de cor e salteado, os números positivos do governo Lula. "E nessa reeleição do Lula, São Paulo vai ser fundamental."

À espera da definição "democrática" do PT, o senador é agraciado com um slogan que tem tudo para ficar . "Brasil avante. É Lula e Mercadante."