Título: IGP-M volta ao positivo: 0,38%
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B3

Após dois meses negativo, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) voltou a subir, 0,38%, em maio, ante queda de 0,42% em abril. Aumentos nos metais, commodities e combustíveis no atacado, além da disparada na construção civil, levaram à aceleração no indicador, usado no cálculo de aluguel e energia elétrica. O IGP-M acumula alta de 0,65% no ano, até maio, e queda de 0,33% em 12 meses.

Para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o IGP-M pode continuar a subir em junho, pois não há muitos fatores favoráveis à redução. É o caso da perda de influência da valorização cambial, que durante meses derrubou os preços relacionados ao dólar (commodities, por exemplo). "É possível que tenhamos, nas próximas semanas, IGPs mais altos", disse.

Segundo Quadros, os preços no atacado subiram 0,43% em maio, ante deflação de 0,77% em abril. Houve alta de preços de metais não-ferrosos (de 3,60% para 7,40%), ferro, aço e derivados (de -0,06% para 1,18%) e combustíveis (de 0,21% para 0,46%). O cenário externo teve grande influência na disparada dos preços no atacado.

No caso dos metais, o economista lembrou que o setor passa por um movimento de alta recorde. "É um choque metalúrgico não-ferroso na inflação", brincou Quadros, em alusão ao "choque siderúrgico" de 2004.

A alta nos combustíveis foi influenciada pelo fim da deflação em óleos combustíveis (de -6,15% para 4,93%) e pela aceleração no preço do querosene (de 2,53% para 7,48%).

Houve ainda a influência da aceleração dos preços de commodities importantes, como soja (de -4,09% para 1,72%) e milho em grão (de -8,31% para 6,21%).

O atacado não foi o único setor que contribuiu para elevar o IGP-M. O aumento nos preços dos metais fez disparar os preços da construção civil. A alta foi de 0,81% em maio, ante 0,21% em abril.

A inflação no setor também foi afetada pelo aumento do custo da mão-de-obra em oito capitais, incluindo São Paulo.