Título: Governo espera forte alta do PIB
Autor: Fábio Graner e Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B4

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje vai apresentar crescimento em todos os indicadores.

A equipe econômica aposta nas avaliações de que a expansão da atividade econômica entre janeiro e março foi superior a 1,3%, o que, em termos anualizados, significa um crescimento ao redor de 6%.

Um resultado robusto no PIB pode atenuar as pressões do governo sobre a condução da política monetária pelo Banco Central (BC), uma vez que mostraria que a trajetória de juros, embora aquém do desejado pela grande maioria dos integrantes do governo, está sendo feita na magnitude suficiente para garantir a estabilidade da moeda, sem prejudicar a expansão do nível de atividade.

Além de atenuar as pressões sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que divulga também hoje a nova taxa Selic, a notícia do PIB tende a ser objeto de intensa propaganda do governo neste ano de eleições. Em 2004, ano das eleições municipais, a expansão forte da atividade econômica já havia sido intensamente propalada pelos governistas nas campanhas a prefeito. "Não só o dado do PIB, mas o Bolsa-Família, o aumento na renda, o crescimento do crédito. Tudo conspira a favor do governo", avaliou o economista da consultoria MB Associados, Sérgio Vale.

A expectativa otimista da área econômica para o resultado do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre tem correspondência também nas análises do mercado.

A economista do banco ABN Amro, Zeina Latif, por exemplo, espera que o PIB aumente 1,8% no primeiro trimestre. Para ela, a melhor notícia envolvendo o PIB será a forte expansão do investimento, de 4,5% ante o último trimestre de 2005, já desconsiderando os efeitos sazonais do período. Ela avalia que o aumento nos investimentos ajuda a diminuir as preocupações do Banco Central com a inflação. Isso porque o Copom sempre se mostra atento ao risco inflacionário por conta de a demanda superar em algum momento a oferta na economia. "Esse dado deve reforçar o cenário benigno para o BC", disse Zeina, que acredita em redução de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic.

Sérgio Vale, da MB Associados, também espera uma forte expansão dos investimentos na divulgação do PIB. Mas ele pondera que, embora esse resultado ajude a tranqüilizar o Banco Central na sua análise sobre a economia, o aumento nos investimentos será fortemente puxado pelo setor da construção civil, em produtos comprados pela população de baixa renda para construções de menor porte. "Isso não significa uma melhora generalizada e sustentável das condições gerais de oferta na economia", explicou o economista, que aposta em uma expansão de 1,5% do PIB no primeiro trimestre.