Título: Amorim elogia saída de tropas das unidades da estatal
Autor: Marina Guimarães e Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B12

O anúncio do presidente da Bolívia, Evo Morales, da retirada das tropas que ocupam há 30 dias as unidades da Petrobrás no país vizinho foi assinalado ontem por Brasília como um recuo, diante da reação que essa atitude provocou no governo brasileiro. O tom exato da "indignação" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a ocupação militar fora expressa diretamente pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nos encontros com Evo e com o chanceler boliviano, David Choquehuanca, em La Paz, no dia 22.

Ontem, porém, Amorim preferiu minimizar as acusações do vice-ministro boliviano de Comercialização e de Industrialização dos Hidrocarbonetos , Willian Donaire, de que a Petrobrás estaria "sabotando" as remessas de óleo diesel à Bolívia e que, por essa razão, a companhia brasileira poderia ser alvo de "sanções comerciais".

Amorim enfatizou que tem a certeza de que a Petrobrás não tem nenhum interesse em sabotar suas vendas à Bolívia. Mas insistiu que, depois de conversar com Evo e Choquehuanca, não responderia a declarações de um funcionário de nível menor que o seu.

Amorim relatou que solicitara a retirada das tropas das refinarias da Petrobrás ao governo boliviano nas visitas do dia 22. Do ponto de vista de Brasília, esse gesto reforçaria a confiança necessária entre os dois lados nas negociações técnicas.

Além do próprio decreto de nacionalização do setor de gás e de petróleo, considerado em Brasília como mais radical do que o esperado e fruto de uma decisão unilateral, a ocupação militar das instalações da Petrobrás chocou Lula e Amorim por seu caráter agressivo.