Título: Crise poderá afetar também a pecuária no lado brasileiro
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B13

Importantes em vários setores, principalmente soja, os produtores brasileiros participaram ontem da reunião que marcou a reação do agronegócio boliviano ao plano do presidente Evo Morales de promover a segunda onda de reforma agrária.

A crise pode afetar também a pecuária brasileira. Presente à assembléia, o presidente da Federação de Pecuaristas dos Departamentos de Beni e Pando, Carlos Quaino Dellien, disse que a atitude do governo pode desestimular o investimento produtivo, incluindo a área de sanidade animal, e trazer de volta a febre aftosa à Bolívia.

Devido à extensa fronteira seca entre os dois países, problemas na Bolívia podem afetar o Brasil. "São 7 milhões de cabeças na Bolívia e quase 200 milhões no Brasil. O que ocorre na Bolívia deve preocupar muito o Brasil", disse Dellien. Em três anos, Beni - o maior produtor de gado, com 3 milhões de cabeças - não teve casos de aftosa. Internamente, é considerada área livre com vacinação.

SOJA "As mudanças na Bolívia deixam todos muito apreensivos. Embora pense que o governo não vai desorganizar o segundo negócio da pauta de exportação, acho, ao mesmo tempo, que há terrorismo de informação", diz Ricardo Cambruzzi, sócio de um boliviano em duas empresas, a Granorte e Cereales Leste, que produz soja em 40 mil hectares.

Raul Amaral Campos Filho, que produz soja em 20 mil hectares, não teme só as ameaças do governo às grandes propriedades. Para ele, mantida a decisão do governo de expropriar as terras, o setor pode iniciar uma reação perigosa. "Não tenho dúvidas de que pode provocar uma guerra civil", avalia.