Título: Leilão da Varig atrai 11 empresas
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B22

Onze interessados retiraram ontem o edital do leilão de venda da Varig e o manual de acesso à sala de informações (data room), que será aberta hoje, com a apresentação dos números operacionais e financeiros da empresa. Fazem parte desse grupo quatro companhias aéreas nacionais (Gol, TAM, OceanAir e BRA) e uma estrangeira, a portuguesa TAP.

A Varig confirmou o número total de interessados, mas não divulgou os nomes. No fim do dia, a companhia explicou apenas que a sala de informações terá espaços individuais nos quais os interessados "poderão trabalhar reservadamente". Diretores da Varig esclarecerão dúvidas. Para ter acesso aos dados, será necessário pagar R$ 60 mil. Ontem, as ações preferenciais da empresa fecharam em queda de 9,62%, depois da forte subida do dia anterior. No ano, acumulam alta de 235%.

A TAP, a TAM e a OceanAir confirmaram a retirada dos editais. "Já temos o edital do leilão e pretendemos visitar o data room", disse ontem ao Estado o presidente da TAP, Fernando Pinto. O executivo, que já comandou a Varig, disse que o edital ainda não havia sido analisado, mas antecipou que o maior interesse da companhia portuguesa é pela parte doméstica associada à internacional.

O edital prevê duas modalidades para a venda da Varig. Numa delas, será colocada à venda apenas a parte doméstica, enquanto a internacional continua como empresa separada, em recuperação judicial e com as dívidas. No outro formato, o negócio é separado numa parte operacional (com as partes doméstica e internacional juntas) e outra chamada comercial (reúne, basicamente, as áreas comercial, de marketing e alguns serviços).

A TAM informou que, "até por dever de ofício", tem de analisar o negócio. A empresa, líder do mercado nacional, informa que vai analisar a proposta e as condições do leilão. O interesse da OceanAir foi confirmado pelo embaixador Jório Dauster, membro do Conselho Consultivo do Grupo Synergy, que engloba empresas aéreas em quatro países (a brasileira OceanAir, a colombiana Avianca, a equatoriana Vipsa e a peruana Wyara), além de negócios em petróleo e estaleiro naval. "Amanhã (hoje), uma equipe vai ao data room", disse Dauster.

Questionado se a empresa estaria estruturando um consórcio para disputar o negócio, com a participação de investidores financeiros, Dauster não deu detalhes. "São questões que ainda estão no ar", afirmou. Uma fonte que acompanha o processo de perto indicou que fundos de investimento poderão se movimentar para entrar no negócio em consórcios.

A BRA e a Gol não comentaram o assunto. Uma outra fonte informou que pelo menos dois escritórios de advocacia de grande porte, como o Pinheiro Neto e o Machado, Meyer, Sendacz e Opice, buscaram editais, além da consultoria PriceWaterhouseCoopers, cuja assessoria não confirmou a retirada. O leilão previsto para julho foi antecipado para o próximo dia 5 e prevê a injeção de US$ 75 milhões pelo interessado que arrematar o negócio três dias depois do leilão.

Com a ausência de interessados em antecipar recursos à Varig antes do leilão, a emergência para uma solução do caso da companhia aérea aumentou. Ontem, o dia das equipes que assessoram a Varig foi de grande correria, para conseguir concluir a tempo os procedimentos básicos e o data room. No front externo, as preocupações voltam-se para a audiência de hoje na Corte de Nova York, onde empresas de arrendamento de jatos estão querendo a retomada de seus aviões.