Título: BNDES rejeita propostas de empréstimo-ponte para a Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2006, Economia & Negócios, p. B17

Pedidos de três candidatos à compra da empresa foram recusados por falta de garantias

O BNDES recusou ontem os três pedidos de empréstimo-ponte feitos por investidores para participar do leilão da Varig. O financiamento de até US$ 166 milhões seria usado para manter a empresa operando até sua venda, no início de julho, mas os investidores não atenderam as exigências mínimas do banco.

O BNDES rejeitou os pedidos de empréstimo-ponte por falta de garantias, como carta de fiança bancária ou comprovação de recursos próprios.

Um dos interessados era o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que reúne cinco associações de funcionários. Outro era o Banco BRJ, especializado em crédito imobiliário. O terceiro pedido teria sido de um banco de investimento de São Paulo.

Apesar de rejeitar os pedidos de empréstimo-ponte, o BNDES informou que vai apoiar com financiamentos quem vencer o leilão. Há dois modelos de venda. Em um deles, o investidor pagará US$ 700 milhões pelas operações da Varig no mercado doméstico. Em outro, gastará US$ 850 milhões pela empresa, excluindo a parte comercial.

As oito maiores empresas aéreas regionais brasileiras estudam formar um consórcio para participar da concorrência. Cruiser, Meta, Oceanair, Puma, Passaredo, Rico, Trip e Total poderão formar um consórcio para o leilão.

Elas integram a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar). Juntas, respondem por 2,5% do mercado doméstico de aviação, atendendo em torno de 70 municípios. Na semana passada, dois executivos da Trip estiveram no BNDES para obter informações sobre o leilão, representando a Abetar "de forma consorciada", diz o presidente do conselho da entidade, José Mário Caprioli, também presidente da Trip.

"Não estamos com total segurança em relação às informações sobre o leilão da Varig. Depois do edital, deveremos ter uma opinião melhor. Ainda faltam muitos elementos", afirma Caprioli, da família que controla um grupo de transporte rodoviário.

O foco das empresas da Abetar é na operação doméstica da Varig. Mas o maior empecilho, conta Caprioli, é o preço mínimo de US$ 700 milhões, considerado "sobrevalorizado". Esse valor, diz Caprioli, deve levar em conta a capacidade de as rotas nacionais gerarem fluxo de caixa, mas esse potencial tem diminuído cada vez mais.

Enquanto tenta atrair o interesse dos investidores, a Varig luta em outra frente, pedindo uma trégua aos credores até o leilão. Ontem, a empresa fechou um acordo com a BR Distribuidora que garante o fornecimento de combustível até 31 de maio. Até esse prazo, a companhia pagou a BR com recebíveis de agências de viagem e da Redecard.

Do dia 11 até ontem, quando uma liminar proibiu a estatal de cobrar à vista, a Varig quitou o débito com receitas futuras da bandeira Visa.

De acordo com o comunicado divulgado ontem pela BR Distribuidora, "a Petrobras Distribuidora afirma que prosseguirá trabalhando com todo o empenho para apoiar um de seus maiores e mais emblemáticos clientes consumidores".