Título: FMI acha saudável alta dos juros
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2006, Economia & Negócios, p. B4

Para Rato, diretor-gerente do Fundo, é possível que o Fed mantenha aperto monetário para conter a inflação

A economia mundial mantém forte crescimento, mas com elementos de riscos, e evolui "para condições monetárias menos estimulantes", disse o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, referindo-se às altas das taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Rato acha possível que a entidade continue com essa política, que qualificou de "saudável" ante riscos inflacionários.

"Vemos claramente a necessidade de continuar reduzindo os estímulos monetários", disse Rato em Viena, onde participa da 34ª Conferência Econômica do Banco Nacional da Áustria. Considerou que os bancos emissores devem levar em conta as condições específicas de suas regiões e recomendou "cautela nos movimentos futuros", especialmente ao Banco Central Europeu (BCE), porque a recuperação da Europa ocidental é menos firme que a da conjuntura mundial.

Segundo o FMI, a economia mundial está forte: "2006 será o quarto ano consecutivo com crescimento maior que 4%."

PRESSÃO INFLACIONÁRIA Apesar de o FMI não perceber "muitos sinais de pressão inflacionária", Rato considerou importante que as autoridades monetárias sigam atentas à evolução dos mercados. Advertiu sobre "alguns riscos", como o aumento do preço do petróleo e de outras matérias-primas, o potencial de crescimento de alguns países e o alto desemprego em muitas regiões.

Ontem, Rato teve reunião com o governador do Banco Nacional da Áustria, Klaus Liebscher, com quem conversou sobre a integração financeira na Europa. Reuniu-se, ainda com o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Otmar Issing, e manteve reunião de trabalho com o secretário-geral interino da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e sua equipe.

Rato afirmou que o FMI e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) intensificarão cooperação a fim de obter uma maior transparência dos mercados mundiais para deter a especulação financeira - um dos fatores que provoca aumentos nos preços da commodity. "Vamos aumentar a colaboração tanto em nível técnico como na alta hierarquia."

"Não há dúvida de que a Opep pode desempenhar um papel muito importante para melhorar a transparência do mercado do petróleo. Mas, claro, não depende exclusivamente dos países da Opep, mas de todos os países produtores e consumidores."

Entre as áreas de trabalho conjunto, destacou que "as necessidades de conhecer" os números da demanda e da oferta são imprescindíveis para "facilitar um mercado mais transparente que evite custos especulativos excessivos que deste momento". "Achamos que análises sobre os desequilíbrios mundiais, necessidades de investimento, papel dos mercados financeiros, previsões de crescimento, previsões de grau de aproveitamento da energia, entre outros, são elementos de mútuo interesse para o FMI e a Opep."