Título: STF divulga e some com inquérito em seu site
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Nacional, p. A5

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reformou ontem à tarde uma decisão do ministro Joaquim Barbosa que permitia ao público em geral consultar o inquérito do mensalão. De manhã, por ordem de Barbosa, o STF havia disponibilizado em sua página na internet o amplo acesso aos dados.

Quem estava na rede naquele momento pôde consultar no endereço www.stf.gov.br/hotsites/inquérito os autos de uma das principais investigações em andamento no País. No entanto, minutos depois, as informações saíram do ar por determinação do próprio ministro, que preferiu aguardar uma decisão do plenário.

Por volta das 14h30, os ministros do STF se reuniram e resolveram que apenas os denunciados e seus advogados terão acesso ao inquérito. Para tanto, receberão uma senha.

Já os cidadãos em geral e a imprensa terão de cumprir um procedimento burocrático, por meio da remessa de pedidos formais ao Supremo, nos quais deverão indicar os motivos pelos quais querem consultar os autos. Esses pedidos serão analisados por Barbosa.

O STF considerou que disponibilizar o inquérito na internet seria fazer distinção, já que outras investigações na corte só podem ser consultadas em papel.

O inquérito do mensalão soma 7 mil páginas, em 35 volumes. A papelada revela o mapa das investigações do escândalo que abalou durante meses o governo Lula.

Os volumes contêm essencialmente depoimentos dos investigados, análises de dados bancários e perícias da Polícia Federal. Também há papéis burocráticos, como autos de apreensão da PF e ofícios do Supremo.

A maioria dos depoimentos já foi publicada pela imprensa. Estão lá figuras-chave do caso, como o empresário Marcos Valério e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. A papelada também registra depoimentos de figuras pouco conhecidas, como funcionários do Banco Rural e da agência SMPB.