Título: Ex-assessor de Palocci depõe sobre quebra de sigilo e não convence a PF
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Nacional, p. A5

O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Murilo Portugal negou ontem, em depoimento à Polícia Federal (PF), que tenha recebido pedido do ex-ministro Antonio Palocci para colocar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no encalço do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Portugal não convenceu a PF e é mais um que pode se complicar no intricado episódio de violação da conta bancária do caseiro, que deve depor de novo nos próximos dias.

Na busca dos últimos detalhes para fechar o inquérito, a PF ouviu também ontem o advogado Cláudio Alencar, chefe de gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que foi à casa de Palocci na noite de 16 de março. Alencar acompanhava na ocasião outro assessor de Bastos, o secretário do Direito Econômico, Daniel Goldberg, a quem Palocci indagou se poderia acionar a PF para investigar movimentações atípicas na conta do caseiro.

O objetivo é fechar toda a cadeia de responsáveis pela quebra do sigilo e pelo vazamento da informação para a imprensa. Até agora, estão indiciados Palocci, seu ex-assessor Marcelo Netto e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, todos demitidos dos cargos em conseqüência do escândalo.

Palocci suspeitava que Nildo havia recebido suborno da oposição para denunciá-lo. Em entrevista ao Estado, dias antes, Nildo denunciara que Palocci era freqüentador regular da mansão, na qual trabalhava como caseiro, em que a chamada república de Ribeirão Preto, integrada por ex-assessores do ministro, realizava festas e discutia negócios.

Para a PF é ponto de honra decifrar essas questões nebulosas para desfazer as suspeitas que recaem sobre a própria instituição. Pouco antes de ter seu sigilo quebrado, na noite do dia 16 de março, Nildo havia entregue à PF o cartão de sua conta de poupança na Caixa.