Título: EUA vão bancar vacinas no Brasil
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2006, Vida&, p. A15

Os Estados Unidos irão financiar a preparação do Brasil e do resto da América Latina para enfrentar um eventual surto de gripe aviária. Nos próximos dias, Washington anunciará investimentos para produção de vacinas, estabelecimento de mecanismos de vigilância e treinamento na região e em outros 17 países.

Os investimentos incluem recursos que seriam destinados ao Instituto Butantã, que desenvolve a vacina no País. A ajuda, porém, não tem como função apenas evitar o surto na América Latina, mas impedir que toda a preparação nos EUA seja minada pela falta de um plano nos países mais próximos ao seu território.

"É interesse americano que os países de nosso 'bairro' estejam preparados", afirmou William Steiger, responsável pela área internacional da Secretaria de Saúde dos EUA. "Teremos um plano em relação a todas as doenças transmissíveis", afirmou.

"Não há um só país que pode dizer que está imune ao problema e não há razão para acreditar que os EUA estarão livres da doença. O que não podemos é tentar construir uma jaula envolvendo o país", afirmou o secretário de Saúde americano, Mike Leavitt.

SOCORRO SELETIVO Washington irá tentar coordenar ainda com o G-8 (as oito maiores economias do mundo) um plano para enfrentar eventual surto. Leavitt anunciou que dedicará US$ 330 milhões para governos que desejem fortalecer seus programas contra a gripe, além do envio de remédios e equipamentos para regiões mais necessitadas.

Ontem, Washington enviou lotes de Tamiflu para a Ásia. O remédio é considerado uma das poucas alternativas para combater a doença em humanos.

No Brasil, o foco será o desenvolvimento de vacinas. Os Estados Unidos não planejam enviar lotes de Tamiflu nem de vacinas para a região, mas sim criar a capacidade de produção em países com certo desenvolvimento no setor farmacêutico. "Estamos abertos a cooperar", afirmou um alto funcionário do Ministério da Saúde do Brasil, que reconheceu que ainda não tinha informação sobre a proposta americana.

O governo dos EUA admite que o dinheiro virá com certas condições, mas os representantes da Casa Branca ainda evitam enumerá-las. O volume total dos recursos ainda estão sendo debatidos e devem ser anunciados na semana que vem.