Título: Em festa sem estrelas, PSDB e PFL selam aliança
Autor: Christiane Samarco e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Nacional, p. A9

Com a ausência de alguns dos principais nomes dos dois partidos, o PFL e o PSDB formalizaram ontem a aliança em torno da candidatura presidencial do ex-governador tucano Geraldo Alckmin, com o senador pefelista José Jorge (PE) no posto de vice. O ato, realizado no auditório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, não contou com a presença de tucanos ilustres como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-prefeito de São Paulo José Serra. Também não compareceram os governadores do PFL nem o prefeito do Rio, Cesar Maia.

Diante das críticas dos próprios tucanos à falta de carisma da chapa tucano-pefelista, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que o Brasil não precisa de líderes carismáticos. "Eles não são nenhum Brad Pitt", brincou. Tasso citou os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, e de Cuba, Fidel Castro, para afirmar que o brasileiro quer líderes com outro perfil. "Homens de espírito público, equilibrados, sérios, competentes e capazes de montar uma proposta consistente e de longo prazo." Ele saudou a aliança como a "virada histórica de um país que perdeu seu rumo, perdeu seu momento e está perdendo sua própria identidade, que não reconhece mais seus próprios valores, éticos, morais e republicanos".

'ANOS PERDIDOS'

A parceria entre PSDB e PFL foi selada com duros ataques aos "quatro anos perdidos" do governo "corrupto e incompetente" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alckmin disse que, se eleito, "não haverá governo de companheiros, nem aparelhamento do Estado, nem 12 ministérios aos derrotados". "Governo de turminha, não", afirmou.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), entregou ao pré-candidato um documento com as propostas do partido para o programa de governo da coligação. "Preparamo-nos para ajudar o Brasil a rever o grande equívoco que foi a eleição de Lula, um operário que traiu sua classe, o moralista que presidiu o governo mais corrupto da história do Brasil, aquele que prometeu governar com os melhores e montou um ministério dos piores", disse Bornhausen, sob aplausos da platéia que recebera de pé e com muitas palmas a dupla Alckmin e José Jorge.

A agenda do PFL inclui compromissos em todas as áreas e propõe que a aliança seja consolidada em torno de "um projeto de mudanças verdadeiras, que oferecerá aos brasileiros ações arrojadas, modernas, factíveis, capazes de recuperar o tempo perdido". Alckmin concordou com a tese de que o País retrocedeu no governo Lula. "Demos marcha à ré e os próximos quatro anos poderão ser muito piores", disse, referindo-se à possibilidade de sua reeleição. E fez novos ataques ao governo: "As parcerias público-privadas não saíram do papel. Aliás, a única coisa que saiu do papel foi o valerioduto."