Título: Usina abre espaço para criação de novas tecnologias
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2006, Economia & Negócios, p. B6,7

Antigo alojamento dos trabalhadores abriga centro de Engenharias e Ciências Exatas da Unioeste

Com a instalação das duas últimas turbinas e sem espaço para elevar ainda mais a capacidade de produção, Itaipu entra em nova fase. A maior hidrelétrica do mundo agora quer espaço na área de esenvolvimento de novas fontes de eletricidade e novas tecnologias, como hidrogênio, biomassa e carro elétrico. Para isso, lançou em 2003 o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), localizado no antigo alojamento dos trabalhadores que construíram a usina.

Desde o ano passado, o PTI abriga o centro de Engenharias e Ciências Exatas da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste). Os cerca de 700 estudantes ganharam no local salas de aulas e laboratório de ensino, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, podem aprender na prática como é a produção de energia hídrica, a construção de uma obra como Itaipu e a operação do sistema elétrico.

Muitos professores do PTI são funcionários da usina e considerados referência mundial em hidroeletricidade. "Não podemos desperdiçar tanto conhecimento", afirma o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, para quem é preciso renovar a mão-de-obra da usina, já que alguns estão se aposentando. O objetivo do PTI é incentivar o desenvolvimento tecnológico regional e atuar como parceira no processo de modernização da usina.

Além da universidade, o parque tecnológico já conta com 15 empresas incubadas, quatro de base tecnológica e desenvolvimento de software e as demais na área de prestação de serviços, como educação ambiental, turismo e geoprocessamento. "Vamos emitir no mês que vem um edital para mais 15 empresas incubadas", afirma o diretor superintendente do PTI, Juan Carlos Sotuyo. Até outubro o parque terá mais 6 mil metros quadrados de área reformada.

CARRO ELÉTRICO

Os planos realmente exigem um local maior. Na semana passada, Itaipu assinou com a KWO, empresa que controla hidrelétricas na Suíça, um acordo de cooperação para o desenvolvimento do carro elétrico. "Vamos fazer um aperfeiçoamento no veículo, como a diminuição do tempo de recarga e aumento da autonomia do carro, que hoje é de 130 km, além de elevar a velocidade máxima, de 110 km/h", afirma o coordenador-geral brasileiro do convênio Itaipu/KWO, Celso Ribeiro Barbosa de Novais.

O objetivo é alcançar os resultados em 5 anos, período em que toda frota de carros de Itaipu deverá ser movida à eletricidade. Como parte do acordo, Itaipu recebeu da Fiat um veículo elétrico modelo Panda Elettra.

Outra aposta de Itaipu, diz Samek, é o desenvolvimento de pesquisas sobre o uso de hidrogênio como fonte de energia. A usina tem convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que vai dar assessoria técnica e científica para a introdução do programa de Itaipu. "Em muitos momentos do dia temos energia sobrando, como entre meia noite e seis horas da manhã. Poderíamos usar essa água para produzir energia", diz Samek.