Título: Com sorte e políticas sensatas, Espírito Santo anda mais rápido
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2006, Economia & Negócios, p. B4

Estado cresce acima da média brasileira desde 1997, informa IBGE

Apesar do longo período de baixo crescimento no Brasil, há regiões, Estados e municípios que vêm apresentando desempenho bem melhor do que a média nacional. No Espírito Santo, uma mistura de sorte (a presença de gigantescas empresas ligadas ao setor de matérias primas e produtos de base, com forte atividade exportadora) e medidas sensatas da administração estadual vêm impulsionando a economia.

Nos arredores de Vitória, no que é talvez o maior canteiro de obras do Brasil, 13,8 mil operários da construção civil trabalham na expansão da siderúrgica CST, da Arcelor Brasil, um investimento de US$ 1,5 bilhão. O projeto vai elevar a produção da CST de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas. A obra inclui mais uma coqueria (em parceria com uma empresa americana, e com tecnologia inédita no País), o terceiro alto-forno, o terceiro convertedor na aciaria e outros apêndices. "A CST vai se transformar na maior usina isolada produtora de placas nas Américas", diz o diretor-executivo Benjamin Baptista Filho.

Pelas contas do governo estadual, há projetos de investimento no Espírito Santo de R$ 48 bilhões, incluindo a Petrobrás e outras operadores em petróleo e gás (R $ 27 bilhões), CST (R$ 3,3 bilhões), Vale do Rio Doce (R$ 6 bilhões), a produtora de minério de ferro Samarco (R$ 3 bilhões), Aracruz Celulose (R$ 500 milhões) e outras empresas (R$ 8,2 bilhões).

Os números do PIB estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que só vão até 2003, mostram que a economia do Estado cresce moderadamente acima da brasileira desde 1997. Mas o secretário de Economia e de Planejamento, Guilherme Dias, acha que esta discrepância pode ter se acelerado nos últimos anos, a julgar pelos números da arrecadação do ICMS, que saltou 94% entre 2002 e 2005. "Parte do aumento pode ter vindo das melhoras na arrecadação e fiscalização, mas ainda resta uma boa parte que só pode ser explicada pelo crescimento econômico acelerado", diz Dias.

Ele explica que o Estado passou por um forte rearranjo fiscal e administrativo desde a posse do governador Paulo Hartung. As finanças e a gestão estaduais viveram sérias turbulências desde 1995, desequilibradas pelo aumento do funcionalismo e pela infiltração do crime organizado no Legislativo e Judiciário.

"A medida principal de ajuste fiscal que fizemos foi ter um orçamento realista; a palavra contingenciamento foi abolida." O secretário explica que Hartung articulou um clima de cooperação entre os três poderes evitando decisões prejudiciais ao equilíbrio fiscal. O Estado deve investir R$ 800 milhões em 2006, para um orçamento de R$ 4,5 bilhões, umas das proporções mais altas do País.

Na área de estímulo a investimentos, o governo participou da organização de arranjos produtivos em área como pedras ornamentais, fruticultura e têxteis.