Título: Na Amazônia, 15 pólos detectados em locais conhecidos e remotos
Autor: Herton Escobar
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2006, Vida&, p. A30

Um estudo de seis anos, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, identificou 15 pólos regionais com vocação para o ecoturismo na Amazônia Legal. A lista inclui pontos turísticos já conhecidos, como as praias fluviais de Alter do Chão, no Pará, e as dunas e cachoeiras do Jalapão, no Tocantins. Mas introduz também destinos remotos, como o extremo norte do Amazonas, onde estão o Parque Nacional do Pico da Neblina (ponto mais alto do País) e a região conhecida como Cabeça do Cachorro.

O objetivo, segundo o ministério, é desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável na região. "É uma estratégia que se contrapõe ao modelo vigente da Amazônia, que é o de corte raso da floresta para pasto", diz o gerente-técnico do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur), Rinaldo Mancin.

O estudo foi iniciado em 2000, com um empréstimo de US$ 13 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A primeira fase, que envolveu a identificação dos pólos e análises de mercado, deve ser concluída ainda neste ano. A fase dois, que será coordenada pelo Ministério do Turismo, fará a implementação e o desenvolvimento de fato das atividades turísticas.

O grande desafio, segundo os técnicos, é a dificuldade de acesso. "É uma região remota, o que implica custos maiores para visitação", observa o coordenador-geral do programa, Allan Milhomens. Ao mesmo tempo, porém, é uma região de grande apelo internacional e extremamente diversificada do ponto de vista ambiental e cultural. "Temos uma infinidade de áreas com potencial turístico para explorar."

Outra dificuldade é a falta de infra-estrutura das unidades de conservação. Segundo Mancin, são poucas na Amazônia as que têm plano de manejo para o turismo. Entre os parques nacionais, apenas dois estão abertos para visitação em áreas de floresta: o da Amazônia, no Pará, e o do Jaú, no Amazonas. Juntos, eles receberam menos de 500 visitantes em 2005.