Título: Na UTI neonatal, cada grama a mais é festejada
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2006, Vida&, p. A26

O peso ganhou uma nova dimensão para a assistente-executiva Leila Enokihira desde que sua filha Maya nasceu, numa cesárea feita às pressas, na 27ª semanas de gestação. "Ela era muito pequena, 940 gramas. Cada grama a mais é um passo para a felicidade. Um pouquinho que ela perde, a preocupação vem em dobro."

Há sete semanas, Leila acompanha durante todo o dia o desenvolvimento da filha. Fica com o bebê no peito, na técnica mãe-canguru, no início do dia. Depois, passa o tempo observando todas as reações que o bebê apresenta. "No início, fiquei desesperada. Dá uma sensação de impotência muito grande, uma insegurança porque os bebês são muito delicados." Mas há também o outro extremo. "Cada movimento que ela faz é uma conquista." No fim do dia, Leila diz estar exausta. "É uma tensão enorme, não é fácil, mas é preciso administrar."

Com sua filha internada no Hospital Santa Joana, em São Paulo, Leila conversa muito com as outras mães. Não são poucas. Nos últimos cinco anos, o número de leitos duplicou. Passou de 30 para 60. E não dá conta da demanda. Uma nova reforma está prevista para ampliar a capacidade. "Trocamos experiências. Vibramos com os progressos dos bebês, damos força quando algo não acontece como o planejado", afirma Leila.

Com seus quatro filhos internados na Maternidade São Luiz, também em São Paulo, Ana Laura Soares tem um relato parecido. "Formamos uma família. Nos unimos porque é um período difícil", conta.

Ela, porém, já previa que teria de passar um período depois do parto na UTI neonatal. "Fiz fertilização assistida. Sabia que a gravidez não duraria muito, sobretudo com quatro bebês." O parto foi no dia 29 de março. O bebê menor tinha 995 gramas e o maior, 1,09 quilo.