Título: Mensalão inibe planos eleitorais de candidatos
Autor: Bruno Winckler
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2006, Nacional, p. A10

Só 12 dos 94 deputados estaduais paulistas devem disputar Câmara

O mensalão e a crise política no Congresso em lugar de estimular os deputados estaduais a tentar um lugar na Câmara estão, pelo contrário, inibindo as candidaturas. Na Assembléia paulista, por exemplo, apenas 12 dos 94 deputados estaduais devem disputar uma cadeira na Câmara, bem abaixo da média das últimas eleições, quando 25 tentaram uma vaga em Brasília. Com isso, a Assembléia paulista não deve ter mudanças significativas nesta eleição.

Segundo levantamento feito pelo Estado, as bancadas apostam em lançar candidatos fortes, já consolidados no eleitorado. Os diretórios do PT e do PSDB, os dois maiores partidos da Casa hoje, com 22 deputados cada um, acreditam na reeleição de seus quadros - 17 tucanos e 19 petistas tentarão renovar seus mandatos.

O presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia (PFL), avalia que 60 das 94 cadeiras serão ocupadas por deputados reeleitos. "O bom desempenho desta legislatura vai ajudar na renovação do mandato da maioria", disse. "Creio que a crise de credibilidade que afetou Brasília nestes últimos anos afastou novos nomes da política, o que é ruim. Acho que há pouco espaço para novidades."

Uma dessas novidades é Bruno Covas, neto de Mário Covas, morto em 2001. Com 26 anos, ele concorre a seu primeiro cargo eletivo. Filiado ao partido desde os 16 anos, Bruno diz que sempre soube que iria entrar na política. Depois de formar-se em direito e economia, e de ter sido assessor da liderança do governo na Assembléia no último ano, ele se sente preparado.

Bruno não acha que o sobrenome lhe garantirá a eleição, mas reconhece seu peso. "Quero fazer meu próprio caminho, mas sei que é impossível o eleitor não se lembrar de meu avô", disse. "Estou preparado tanto para a vitória como para a derrota. Seja qual for o resultado, esse vai ser meu primeiro passo."

O secretário-geral estadual do PSDB, Evandro Losacco, está confiante. "Nossa chapa este ano é a mais forte da história, temos condições de eleger entre 28 e 30 deputados", diz. O partido ainda aguarda o fim das negociações sobre alianças para saber o número exato de candidatos que poderá ter. Até agora, tem direito a lançar a candidatura de 99 homens, mas já tem 115 inscritos. "É inevitável que façamos cortes. Queremos aumentar o número de mulheres na chapa", contou Losacco. Dos 22 deputados estaduais do partido, 5 tentarão vaga em Brasília: Edson Aparecido, Ricardo Tripoli, Duarte Nogueira, José Carlos Stangarlini e Vanderlei Macris.

O PT deve tentar levar o jornalista Rui Falcão à Assembléia. Filiado ao PT desde 1982 e deputado estadual nas legislaturas de 1990 a 1994 e de 1995 a1999, Falcão integrou como vice a chapa derrotada de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo. Três deputados estaduais do partido, Renato Simões, Candido Vaccarezza e Ítalo Cardoso, também serão candidatos à Câmara.

Para o presidente do Diretório Estadual do PT, Paulo Frateschi, é bem provável que a candidatura de Falcão seja bem-sucedida. "Ele teve bastante espaço no governo de Marta Suplicy na capital e é conhecido pela população. É um bom nome do partido", disse Frateschi.

O líder do PT na Assembléia e candidato a reeleição, Enio Tatto, não vê nenhum candidato como carro-chefe. "Nossos alavancadores de votos são Lula, Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy. Engana-se quem acha que o partido vai diminuir neste ano", disse Tatto, referindo-se à expectativa gerada por conta dos escândalos em que o governo federal esteve envolvido.