Título: Desempenho ainda é o pior entre os emergentes
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

O Brasil continua com desempenho pífio no ranking das taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre os países emergentes. No primeiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 3,4% ante igual período de 2005. Enquanto isso, a China registrou uma taxa de 10,3%; a Índia, 9,3%; Coréia, 6,2%; México, 5,5%, e Polônia, 5,2%. O País também ficou atrás de Cingapura e da Rússia, que cresceram 4,6% no período.

"Não surpreende o péssimo desempenho do Brasil. Mais uma vez ficamos na garupa do crescimento", diz o economista-chefe da GRC Visão, Jason Vieira. Segundo ele, o País não soube aproveitar o cenário externo favorável em 2005 e neste ano. Vieira destaca que a situação é preocupante porque o governo atual, ao contrário do anterior, não enfrentou crises externas e, mesmo assim, não impulsionou o crescimento de forma significativa.

"Quando se compara o desempenho do PIB brasileiro com o de outros países emergentes, não há motivos para comemorar", ressalta o economista. Nas suas contas, a economia brasileira poderia crescer hoje a uma taxa entre 5% e 6% ao ano.

Além de o País ter os juros mais elevados do mundo, o economista aponta problemas estruturais que travam o crescimento. Entre eles, Vieira cita a elevada carga tributária, gargalos na infra-estrutura que poderiam ser corrigidos com as Parcerias Público-Privadas (PPPs), a reforma política que não andou e o nível inaceitável de corrupção que afasta o investimento estrangeiro.

"Temos de pensar de forma mais ousada", diz o economista. O fantasma de que o crescimento a uma taxa mais acelerada gera inflação é um obstáculo ao crescimento, observa.

Na avaliação de Jason Vieira, o desempenho do PIB mostra que não adianta sustentar a economia do Brasil com programas assistencialistas. É preciso gerar crescimento com bases mais sólidas, equacionando os entraves educacionais e a relação dívida/PIB, que ainda é elevada, apesar de se divulgar que o País tem bons fundamentos.