Título: Lula comemora, de olho na reeleição
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou na manhã de ontem o crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre do ano passado. "O resultado do PIB neste primeiro trimestre de 2006 é uma excelente notícia. O produto cresceu de forma generalizada: na agropecuária, na indústria e no setor de serviços. E o que é mais importante, cresceu a importação de máquinas e equipamentos.Isso indica que os empresários estão apostando no crescimento sustentável", disse Lula, por meio da Secretaria de Imprensa.

O presidente recebeu a notícia quando estava reunido, em seu gabinete, com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, oferecendo ao PMDB a vaga de vice-presidente na sua chapa à reeleição. Lula confidenciou que ficou "muito contente" e usou mais este dado para convencer o PMDB de que vale a pena garantir a aliança.

A avaliação no Planalto é que os números "altamente favoráveis" do PIB ajudam a consolidar o quadro eleitoral em benefício do presidente Lula, mostrando que o crescimento está vindo de forma lenta, mas segura e continuada.

Para o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, o resultado do PIB do primeiro trimestre mostra que a meta de 4,5% já está garantida para o ano. "Não é impossível nós crescermos um pouco mais do que isso. O País estava desesperado para crescer." Na opinião do ministro, esse crescimento econômico não é um trabalho específico de um governo. "É um processo de acumulação que, na minha opinião, vem desde a época da revolução de 30, de formação do Estado."

Segundo Tarso, o avanço do PIB no início do ano consolida a visão de que o País está maduro para crescer, inclusive com taxas superiores aos 4,5% previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). "Demonstra que nosso projeto está estrategicamente correto e isso é bom não para o PT ou para nossos aliados, mas para o País."

Questionado se a redução dos juros pelo Banco Central era o que faltava para completar este quadro benéfico à economia, Tarso Genro salientou que "os juros estão em processo declinante, claramente estabelecido pelo BC". Ele observou que o governo e o presidente da República vêm acompanhando este processo, mas advertiu que "o ritmo dessa queda é decidida tecnicamente pelo BC".

SEM SURPRESA Tarso Genro, que acompanhava a audiência com Orestes Quércia, não quis, porém, fazer comentários políticos sobre a influência da alta do PIB. "Nós recebemos evidentemente com satisfação esta informação, mas não com surpresa", declarou. "Este número comprova a realidade que está expressa na LDO, que prevê 4,5% este ano, 4,75% no ano que vem, depois 5% e 5,25% (em 2009)."

Sobre a possibilidade de os números favoráveis servirem para consolidar a candidatura à reeleição do presidente Lula, o ministro respondeu: "Serve para ajudar o Brasil. Estas questões de desenvolvimento e do PIB não podem ser avaliadas, assim como a segurança pública, dentro da perspectiva de candidatura."

O ministro destacou que "as medidas tomadas pelo atual governo nestes três anos reverteram uma situação de estagnação e de endividamento público crônico". Para ele, "é isso que dá força para os agentes econômicos se apresentarem, investirem e o País se desenvolver". Na opinião de Tarso, as medidas consolidaram a estabilidade macroeconômica.