Título: Mantega: juro não impediu crescimento
Autor: Adriana Fernandes e Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B4

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou ontem o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre com a avaliação de que os juros altos não estão impedindo a expansão da economia. Antigo crítico da política de juros altos praticada pelo Banco Central (BC), Mantega disse agora que o crescimento está se dando de forma equilibrada e com novos investimentos. "Os juros nesse patamar não estão impedindo o crescimento. Então, não vão dizer que a política econômica impede o crescimento da economia. Acabamos de ver o resultado do PIB que, anualizado, está em 6%." Mas manteve a previsão anterior de crescimento de 4,5% do PIB em 2006.

Mantega classificou como "ótimo" o desempenho do PIB no trimestre e disse que o Brasil está na rota do crescimento, com criação de empregos. Destacou que o aumento de 1,4% do PIB em relação ao quarto trimestre de 2005 ficou acima das previsões dos analistas do mercado financeiro, que, disse ele, variaram entre 1% e 1,3%. Pesquisa da Agência Estado com 15 analistas indicava expectativa de alta entre 1,20% a 1,90%.

"É muito bom para o Brasil, significa que o crescimento ocorreu desde o início do ano", afirmou. Mantega destacou que a expansão maior foi verificada nos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), de 3,7%. "Isso dá um crescimento anualizado de 12%. A economia está recuperando os níveis de investimento de 2004." Investimentos, maior oferta e produtividade significam que o crescimento do País é sustentável, avaliou.

Para o ministro, a economia teria avançado mais se não fosse a crise da agricultura. Mas acredita que, com o conjunto de medidas anunciadas pelo governo, há condições de a agricultura se recuperar e contribuir para o crescimento este ano.

Mantega chegou até a comentar os efeitos positivos de uma eventual vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo. O País, disse ele, passa por uma situação muito satisfatória, com mais emprego, renda e consumo, produtos baratos. E, se "ganhar a Copa, vai ser lavada".

OTIMISMO

-Para o o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o crescimento do PIB no primeiro trimestre "foi um resultado muito bom, com certeza está todo mundo contente". Brincando, comentou que não repetiria a avaliação que fez no trimestre passado de que a economia iria "bombar" este ano. "Fui censurado, disseram que o termo é chulo." Bernardo acrescentou que o segundo trimestre terá um crescimento mais forte.

Na Cidade da Guatemala, onde estava à frente de uma missão de empresários brasileiros, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, fez uma estimativa mais otimista para a economia este ano. "Gostei", disse ele, ao comentar o PIB do primeiro trimestre. "Está na direção da minha otimista previsão de que vamos chegar a 5% do (crescimento do) PIB este ano."

Para Furlan, a velocidade do crescimento da economia no primeiro trimestre se manterá nos demais. "Teremos um ano positivo. Nunca tive dúvida e os números vão se encaixando." Ele atribuiu o aumento dos investimentos às medidas de desoneração adotadas pelo governo, como isenção de IPI para bens de capital e o pacote de medidas em favor da construção civil.

Colaborou: Renata Veríssimo