Título: Para analistas, alta no ano pode ficar perto de 4%
Autor: Marcelo Rehder e Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

O bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre ratifica as projeções iniciais das empresas de consultoria de que a economia deve crescer este ano entre 3,3% e 3,8%. Entre os fatores que sustentam as expectativas dos economistas estão a queda nos juros, aumento do crédito e melhora do nível de atividade industrial e do consumo, além da expansão dos gastos do governo e dos investimentos em geral. Para o economista-chefe da GRC Visão, Jason Vieira, a taxa de crescimento do PIB em 2006 pode ficar acima de 4%, se os gastos do governo se mantiverem em ritmo crescente nos próximos trimestres.

"Nossa previsão para o ano ainda é de 3,8%, mas pode ser revista, dependendo de como vão se comportar os gastos do governo. Se continuarem crescentes, o impacto pode ser de 0,3 a 0,5 ponto de alta no PIB, que cresceria 4% a 4,2%." O economista avalia que o governo deve afrouxar a política fiscal. "Quando a equipe econômica fala que vai cravar a meta (de superávit primário) em 4,25% do PIB, considerando que teremos juros menores com crescimento da economia, significa que a relação dívida/PIB cairá, abrindo espaço para uma política fiscal expansionista."

Para o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, os investimentos devem continuar em ritmo forte nos próximos trimestres, garantindo espaço para o crescimento de 3,8% que a empresa projeta para o PIB este ano. A estimativa inicial era de expansão de 7,3% dos investimentos em 2006, que agora deve ser revista. "Quando o investimento cresce a uma taxa superior à do próprio PIB, afasta a possibilidade de um estrangulamento da oferta, o que abre espaço para o BC acelerar a redução dos juros."

O risco, diz o economista-chefe da MCM Consultores, Celso Toledo, seria a demanda crescer a um ritmo bem mais acelerado, impulsionada pelos estímulos dados pelo governo, como o aumento do salário mínimo e o reajuste do funcionalismo público - o que poderia provocar o encolhimento mais rápido do saldo da balança comercial do País. "É um cenário que não se pode descartar, embora não seja o mais provável." A MCM estima crescimento econômico de 3,3% no ano.

Economista e diretor-presidente da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros considerou "dentro do esperado" o desempenho do PIB no primeiro trimestre. Para ele, o crescimento de 2006 deve ficar em 3,5%, puxado principalmente pelo aquecimento na construção civil e no consumo interno, graças ao aumento da massa salarial. "Após ficar de joelhos por muito tempo, a construção civil deve crescer 5% em 2005 e a massa salarial, 5,5%, de acordo com nossas projeções."

Para o economista, a única perspectiva negativa de mudança nas previsões do PIB vem de alterações no cenário externo, principalmente nos Estados Unidos, com aumento na inflação e na conseqüente subida nos juros no país. "Não acredito que isso vai ocorrer. Acho que a economia americana vai desacelerar e a taxa de juros lá sobe até 5,25% e pára."