Título: No mercado, mais um dia de sobe-e-desce
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

O mercado financeiro teve um dia de grandes oscilações ontem à espera da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O documento foi divulgado quase no fechamento dos mercados, mas foi suficiente para, mais uma vez, pressionar o câmbio. O dólar, que passou boa parte da manhã em terreno negativo, inverteu a curva e fechou em alta de 0,56%, cotado em R$ 2,323. Em maio, a moeda americana teve valorização de 11,31%.

O dia também foi bastante volátil no mercado acionário. Na máxima do dia, a bolsa paulista chegou a subir 2,05%. Com a divulgação da ata do Fed, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ficou sem rumo. Primeiro subiu, depois voltou a recuar e fechou praticamente estável. Subiu 0,32% para 36.530 pontos.

Com isso, a bolsa paulista fecha o mês de maio com prejuízo de 9,5%. No mercado de títulos, o BR-40 subiu 0,25% e o A-Bond manteve o nível do dia anterior.

O risco país fechou em queda de 4,32%, em 266 pontos.

A expectativa de economistas e analistas é que a volatilidade do mercado continue nos próximos dias. Isso porque a ata do Fed não trouxe elementos que pudessem mudar o ambiente de incertezas em relação aos juros americanos. Segundo o economista da Sul América Investimentos Newton Rosa, o documento não tem clareza em relação aos próximos passos do Fed. "Eles alertam sobre o risco de inflação no curto prazo e, ao mesmo tempo, temem uma desaceleração da economia."

A preocupação da Autoridade Monetária americana é errar na dose e prejudicar o desempenho econômico do País, afirma a analista da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro.

Segundo ela, a mensagem é que o Fed vai continuar monitorando os indicadores de curto prazo para decidir sobre o futuro dos juros e da economia. Isso significa volatilidade, já que o mercado pode fazer várias leituras dos números apresentados.

Na opinião do gerente de Câmbio da Corretora Souza Barros, Marcos Forgione, o grande problema é que o mercado ainda não conseguiu entender as declarações do presidente do Fed, Ben Bernanke. "Primeiro ele deu a entender que o ciclo de aperto monetário seria finalizado. Depois deu uma entrevista mostrando o contrário. O mercado ficou sem chão e, depois disso, a volatilidade não parou mais." Apesar disso, ele acredita que tanto nervosismo é momentâneo e a elevada liquidez do mercado internacional, continua.

Mas, mesmo sendo temporária, os especialistas apostam que o Banco Central brasileiro vai manter a atitude de atuar no mercado para controlar coibir a volatilidade excessiva do câmbio, a exemplo do que fez na terça-feira. A Autoridade Monetária ressuscitou a venda de dólar depois de dois anos.