Título: Ata da reunião do Fed reforça incertezas sobre trajetória do juro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada ontem, lançou mais dúvidas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos. No encontro do dia 10 de maio, os diretores do Fed elevaram o juro básico em 0,25 ponto porcentual, para 5% ao ano, a maior taxa desde 2001, mas eles pensaram na possibilidade de um aumento de 0,50 ponto por causa da pressão inflacionária.

O presidente do Fed, Ben Bernanke, e seus colegas deixaram a porta aberta para futuras elevações "devido ao risco de a perspectiva para a inflação piorar", de acordo com a ata. O aperto monetário começou em junho de 2004, e até agora o juro básico subiu 16 vezes, sempre em 0,25 ponto porcentual.

De acordo com o documento, "vários fatores estavam aumentando o risco inflacionário", incluindo a alta dos preços da energia e de algumas commodities e o enfraquecimento do dólar - com a moeda mais fraca, as importações aumentam, e o produtor americano encontra espaço para elevar seus preços no mercado doméstico. No final de abril, o preço da gasolina em algumas regiões dos Estados Unidos atingiu o equivalente a R$ 1,85, algo chocante para os americanos.

A ata assinalou que "as pressões inflacionárias pareceram, de algum modo, maiores do que o Federal Reserve antecipara ao coletar dados para a reunião anterior". Embora admitindo alguns riscos de declínio para a atividade econômica, os diretores do Fed disseram que o mais provável é que a economia moderará gradualmente sua expansão nos próximos trimestres, o que ajudaria a conter a pressão inflacionária. Em seguida, eles manifestaram sua incerteza sobre quanto será preciso ampliar o aperto monetário, se é que isso será necessário.

Em Nova York, o presidente do escritório do Fed nessa cidade, Timothy Geithner, disse que é muito difícil estabelecer o juro básico ideal para os Estados Unidos - aquele que não infla artificialmente o crescimento econômico mas que não o prejudica. "Os conceitos econômicos cruciais para a nossa compreensão da economia são difíceis ou impossíveis de captar, na prática. Um desses conceitos é o juro neutro ou de equilíbrio", afirmou.

MANUFATURA E IMÓVEIS Enquanto isso, a atividade empresarial na região central dos EUA se expandiu mais rápido que o previsto em maio, com o aumento de encomendas e das contratações. Já a demanda por hipotecas residenciais caiu, com a alta dos juros. O índice da Associação Nacional de Gerentes de Compras de Chicago passou de 57,2 pontos em abril para 61,5.

Os analistas esperavam 56 pontos. "Isso indica que a indústria continuará indo bem nos dois próximos trimestres, pelo menos", comentou Ian Shepherdson, economista da High Frequency Economics. Seu colega Patrick Fearon, da A.G. Edwards & Sons, afirmou que "o setor manufatureiro continua bem forte, embora a economia enfrente ventos desfavoráveis". Este índice é visto como referência para todo o setor manufatureiro americano, porque a região de Chicago tem muitas indústrias.

Já a procura por hipotecas de imóveis caiu porque os financiamentos subiram para o nível mais alto em quatro anos. O juro médio de um empréstimo imobiliário de 30 anos subiu 0,05%, para 6,66% ao ano.

Por sua vez, as vendas no varejo subiram 2,5% (anualizadamente) na semana encerrada dia 27 de maio.

Agências Internacionais